“Não posso participar nesta comédia que é injusta para o povo da Libéria e para o povo da Serra Leoa”, escreveu Charles Taylor na carta lida pelo seu advogado
“Não posso participar nesta comédia que é injusta para o povo da Libéria e para o povo da Serra Leoa”, escreveu Charles Taylor na carta lida pelo seu advogadoO ex-presidente da Libéria encontra-se a ser julgado desde 4 de Junho, ainda que não esteja presente, no Tribunal Especial das Nações Unidas para a Serra Leoa (TESL), em Haia, na Holanda, por crimes de guerra.
Charles Taylor é o primeiro líder africano a ser julgado num Tribunal Internacional e os promotores esperam que este julgamento envie uma mensagem de que ninguém pode escapar impune. O réu enfrenta 11 acusações, entre elas assassínio, mutilações, escravidão, violência sexual e uso de crianças-soldado durante a guerra civil de Serra Leoa (1996/2002). De acordo com a acta de acusação, estes crimes provocaram a morte de pelo menos 400 pessoas em Serra Leoa e Libéria.
Taylor pretendia controlar os abundantes recursos minerais da Serra Leoa através do estabelecimento de um governo fantoche. O procurador norte-americano Stephen Rapp, procurador-geral do TESL adianta que as testemunhas que serão convocadas vão provar que o acusado é responsável pelo desenvolvimento e execução de um plano que espalhou morte e destruição pela Serra Leoa.
O réu frisou, na carta que enviou aos juízes, que não iria estar presente por considerar que o julgamento não ia ser equitativo e declara-se inocente. Em 2003, Charles Taylor procurou amílcar na Nigéria mas foi detido pelas autoridades em 2006 e extraditado para a Serra Leoa, antes de ser enviado para o Tribunal Internacional em Haia.