Cerca de 750 mil Índios, de 241 povos indígenas das aldeias do interior e das cidades do Brasil, falando 180 línguas, apresentam ao Papa os problemas de que continuam a ser vítimas
Cerca de 750 mil Índios, de 241 povos indígenas das aldeias do interior e das cidades do Brasil, falando 180 línguas, apresentam ao Papa os problemas de que continuam a ser vítimasO progresso e o crescimento económico do país está a ser feito com o atropelo de nossas comunidades, de nossos territórios, de nossos rios e de nossas matas, da integridade física e cultural de nossos povos, lamentam os povos indígenas. Esta mesma integridade está em risco em diversos projectos económicos. É o caso da transposição do Rio São Francisco, no nordeste brasileiro, da construção de barragens hidroeléctricas do Estreito, no Rio Tocantins, de Belo Monte, no estado do Pará, e do Rio Madeira, no estado de Rondônia.
Os índios deploram a demora na demarcação das suas terras. Promulgada em 1988, a Constituição do Brasil estabelece um prazo de cinco anos para que as terras indígenas fossem demarcadas. Depois de 20 anos, apenas estão demarcadas pouco mais de 38 por cento. a demora intensifica e perpetua os conflitos fundiários e aumenta o índice de violência contra nossas comunidades, queixam-se os povos indígenas.
Na carta, os índios reafirmam a sua vontade dialogar em defesa dos seus direitos tão duramente conquistados; fundamentalmente o nosso direito à vida. Em todo o país continuarão a buscar, de todas as maneiras, a convivência pacífica e solidária com as demais comunidades que formam o povo brasileiro.
Manifestam ao Papa que sempre contaram na sua luta pacífica e persistente, com o apoio solidário da Igreja e de inúmeros missionários e missionárias em todo o país. ao transmitir a Sua Santidade um pouco de nossas angústias e esperanças, os índios contam com a Vossa amizade e solidariedade na construção de um continente e de um mundo justo e harmonioso, conforme buscaram por séculos nossos ancestrais.