Mártir do Nazismo, referência para os discípulos de Jesus hoje
Mártir do Nazismo, referência para os discípulos de Jesus hoje a luz de Cristo Ressuscitado reflecte-se, hoje, com intensidade sobre numerosas testemunhas que são ponto de referência para os discípulos de Jesus. a Igreja considera que a santidade é uma carta vencedora para a nova evangelização tão necessária no início do terceiro milénio. Escreveu João Paulo II na Carta apostólica do início do último jubileu: a maior homenagem que todas as Igrejas prestarão a Cristo no limiar do terceiro milénio, será a demonstração da presença omnipotente do Redentor, mediante os frutos de fé, esperança e caridade em homens e mulheres de tantas línguas e raças, que seguiram Cristo nas várias formas da vocação cristã.
a memória dos mártires não é uma tarefa reservada a especialistas da história ou simplesmente uma celebração inserida na liturgia. É sobretudo uma dimensão de pertença à Igreja. Na história da Igreja e na experiência de fé, o martírio, como participação máxima ao sacrifício de Cristo, foi sempre gerador de novas realidades cristãs. Se assim foi no primeiro milénio, a numerosa multidão de mártires do século XX há-de gerar uma nova vitalidade cristã que já se vislumbra no início do terceiro milénio.
Mártires do Nazismo
a repressão levada a cabo pelas tropas de Hitler foi particularmente feroz na Polónia, invadida pela alemanha. São por demais conhecidos os campos de concentração, sobretudo os de auschwitz-Birkenau e Dachau, onde foram ceifadas numerosas vítimas. O ódio racial nazista provocou mais de cinco milhões de vítimas no meio da população civil polaca, entre as quais muitos religiosos, sacerdotes, bispos e leigos católicos empenhados. No fim da segunda guerra mundial, as vítimas católicas polacas abatidas pelo nazismo totalizaram: 4 bispos, 1996 sacerdotes, 113 seminaristas e 238 religiosas. Os deportados para os campos de prisão e de extermínio foram no total: 3. 642 sacerdotes, 389 seminaristas, 341 irmãos professos e 1117 religiosas. Todos conhecem a grande figura do padre Maximiliano Kolbe, internado no campo de concentração de auschwitz e morto em 1941 no gesto supremo da sua vida oferecida para salvar um pai de família, que tinha sido condenado à morte. É também conhecida a Carmelita Santa Teresa Benedita da Cruz (a filósofa Edith Stein, uma hebreia convertida ao catolicismo) morta também ela auschwitz em 1942. Menos conhecido é o beato Tito Brandsma, Carmelita também ele, internado em Dachau porque corajoso inimigo da ideologia nazista, em nome dos princípios cristãos. Foi um homem de grande estatura intelectual e moral, jornalista e professor universitário. Foi morto em 1942.
Beato Henrique Kaczorowski (1888 – 1942)
ainda menos conhecidos são o Beato Henrique Kaczorowski e os seus 108 companheiros mártires, cuja memória litúrgica recorre precisamente no dia 6 de Maio. Foram beatificados por João Pulo II em 1999, em Varsóvia, por ocasião da sua sétima viagem apostólica à Polónia. Destes 108, três eram bispos, 52 eram sacerdotes diocesanos, 3 seminaristas, 26 sacerdotes religiosos, 7 Irmãos professos, 8 religiosas e 9 leigos. Sofreram torturas e maus-tratos de toda a espécie. Conduzidos para os vários campos de concentração, uns foram liquidados nas câmaras de gás, outros decapitados, fuzilados ou enforcados. Entre eles merece particular relevo o sacerdote Henrique Kaczorowski, Reitor do Seminário Maior de Wloclawek, homem de grande saber e de grande bondade, educador esmerado de sacerdotes. Preso em 1939 no início da invasão das tropas de Hitler, permaneceu fiel à sua heróica missão até ao fim. Levado para o campo de Dachau inserido no grupo chamado transporte dos inválidos foi morto no dia 6 de Maio de 1942 na câmara de gás. as testemunhas conservaram na memória um episódio muito significativo ocorrido no último momento no campo de concentração. O padre Henrique Kaczorowski, aproveitando-se da momentânea distracção das guardas, aproximou-se do recinto de arame farpado onde se encontrava o grupo de prisioneiros totalmente desalentados e disse a uma deles: Deves dizer a todos que não se preocupem connosco. Nós não nos iludimos, sabemos o que nos espera. E repetiu as palavras do salmo 22 que tantas vezes tinha na boca: O Senhor é o meu pastor: nada me há-de faltar. E continuou: aceitamos da mão de Deus tudo aquilo que nos vai acontecer. Rezai por nós a fim de que a nossa resistência não fraqueje. E apontando para o céu disse: Lá no alto, também nós rezaremos por vós.
Testemunhas do martírio destes 108 servos de Deus afirmam que havia um traço comum em todos eles: uma forte espiritualidade mariana. Na devoção ardente à Mãe de Deus e na fidelidade à oração do rosário amadureceu a fidelidade à graça do martírio. a rainha dos mártires esteve a seu lado nas horas mais difíceis.
No século XX que, pelas guerras e genocídios de nações inteiras, passa para a história como um período degradante da humanidade, o martírio deste homem de Deus, juntamente com os seus 108 companheiros, é um sinal de esperança que o amor de Deus há-de triunfar no meio de tanto ódio.