Entre os últimos da nossa sociedade, encontramos os chamados sem-abrigo. Porém, sobretudo depois da pandemia, a missão do grupo Solidários Missionários da Consolata (SMC) estendeu-se a mais pessoas, nomeadamente a famílias carenciadas. Tudo é feito em estreita colaboração com o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA), para que a ação dos SMC seja mais eficaz… e já lá vão 20 anos desde que este sonho missionário se tornou realidade.
A reunião de arranque dos SMC teve lugar a 17 de setembro de 2005: todos os convocados já tinham passado pelo grupo Jovens Missionários da Consolata (JMC). Atualmente, os SMC – que estão abertos a todos os que queiram participar – têm cerca de 40 elementos ativos, realizando as mais diversas atividades: momentos de reflexão e oração, apoio nos eventos e necessidades do Instituto Missionário da Consolata e voluntariado. Porém, a essência deste grupo está centrada na missão levada a cabo nas periferias existenciais, pondo em prática o espírito de amizade e solidariedade.
O trabalho que mais distingue os SMC é a ajuda contínua prestada aos sem-abrigo e a famílias carenciadas no Porto, todos os domingos do ano. Tudo é possível graças ao apoio de muitas pessoas e comunidades paroquiais, bem como de quem frequenta a comunidade da Consolata em Águas Santas, e que apoia esta missão, sobretudo, através da entrega de bens alimentares, donativos monetários e cobertores, entre outros.
Pertencer ao NPISA significa que o trabalho dos SMC não é somente assistencialista, mas sim integrado num projeto de apoio maior e mais eficaz a quem mais precisa. Ou seja, os SMC trabalham em rede com outras associações e profissionais que prestam auxílio legal, e também nos setores da saúde, integração social e apoio a estrangeiros, entre outros. O objetivo final é o de ajudar as pessoas a sair da rua e melhorar as suas condições de vida.
Infelizmente, a realidade mostra que este sonho está cada vez mais longe de se concretizar: entre 2018 e 2023, o número de pessoas em situação de sem-abrigo duplicou em Portugal, passando de 6.044 para 13.126. Quanto ao esforço das associações voluntárias, também tem aumentado: desde 2022, os gastos de 14 associações com as refeições feitas ascenderam a mais de 1,2 milhões de euros anuais; quanto ao tempo de trabalho dedicado pelos voluntários, este também representou outros 1,2 milhões de euros, sendo este tempo estimado pelo Instituto Nacional de Estatística no valor de €3,46 por hora, enquanto que os gastos em combustível subiram 17 por cento.
Texto: Filipe Pereira








