Curso de Missiologia decorre nas instalações dos Missionários da Consolata, em Fátima

Perante um mundo com diversas guerras ativas, Diana de Vallescar Palanca, doutora em Filosofia e investigadora na área de interculturalidade e diálogo inter-religioso, sublinha a importância do diálogo. “O que vemos hoje, infelizmente, é a impossibilidade de nos entendermos, e parece que a única forma de nos entendermos é através de drones e de bombardeamentos. A importância do diálogo é fundamental”, disse numa intervenção que inaugurou a edição de 2025 do Curso de Missiologia, esta segunda-feira, 25 de agosto, em Fátima.

A especialista pediu aos participantes desta formação para indicarem o país onde nasceram, e nessa ocasião foi possível perceber que há formandos de Portugal, Timor-Leste, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Peru, Nigéria e Uganda.

A formadora afirmou que se está perante um “grupo intercultural”, sublinhou que a interculturalidade “é um encontro de hospitalidade e de aprendizagem”, e que esta dinâmica pode ser aprendida, porque não nasce com cada pessoa. “Não somos interculturais por natureza. Isto quer dizer que nós vamos progressivamente abrindo-nos a outras realidades”, disse a especialista. “Temos que abrir espaços e ambientes onde todo o mundo possa sentir-se irmão e irmã. Há que desenvolver competências interculturais”, apelou.

Num curso dedicado à formação do missionário e, consequentemente, da missão, Diana Palanca partiu de uma passagem bíblica amplamente conhecida em contexto missionário – “Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova” – para mostrar como a ideia de missão no mundo cristão tem um “horizonte muito amplo”. “A utopia é muito grande e os desafios também são muito grandes”, apontou, indicando depois algumas das consequências.

“Nas diferentes culturas, neste mundo ocidental e europeu, fomos por todo o mundo mas não fomos, muitas das vezes, em atitude de escuta, de valorização, de aprendizagem. Fomos com a ideia de passagem da Mensagem [de Cristo], mas também com a passagem da mensagem da nossa cultura, como modelo de todas as culturas”, alertou.

O Curso de Missiologia prossegue até sábado, dia 30, nas instalações dos Missionários da Consolata, com oradores como António Couto, bispo de Lamego, José Cordeiro, arcebispo de Braga, e Eduardo Duque, presbítero e doutor em sociologia.