Carlos Liz, Consultor de Estudos de Mercado e Opinião

Quando 200 pessoas inquietas, e profundamente empenhadas na evangelização em tantas geografias do mundo, se encontram para ouvir falar conceituados especialistas em Inteligência Artificial, como aconteceu no final de maio em Fátima, alguma coisa de significativo está a acontecer. Superiores e outros membros de institutos de vida consagrada participaram na 39.ª Assembleia Geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, dando conta das múltiplas formas de sentir e pensar este tema central da vida contemporânea.

Tudo se passou, do ponto de vista da Consolata, de seguir o conselho do seu fundador, São José Allamano: “Não fiquemos por aí indecisos, como autómatos, sem iniciativa. Também não devemos ir a reboque de ninguém. Busquemos a nossa própria santificação e trabalhemos também pela salvação dos outros.” Foi precisamente a recusa em serem “autómatos” que pautou o ambiente vivido pelos participantes nesta iniciativa. Oradores das áreas da engenharia, ética, direito, trabalho e educação sublinharam, precisamente, a importância de não “ir a reboque de ninguém”, criando um pensamento crítico, que aprofunde a centralidade do humano na nova configuração da inteligência.

Um apurado sentido de busca levou a que uma expressiva parte dos participantes resumisse o que ouviu ao longo daquelas horas em dezenas de perguntas, manifestamente vividas, suscitadas pelos discursos dos conferencistas. Paolo Benanti, professor da Universidade Gregoriana de Roma, em comentário à nota “Antiqua et Nova”, dos Discatérios da Doutrina da Fé e da Cultura, é claro: “Talvez seja este o momento de se fazer perguntas antes mesmo de dar respostas.” Estão, portanto, no bom caminho os que estiveram em Fátima convidados pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal. A complexidade crescente da vida contemporânea requer a mobilização de toda a inteligência possível. A Inteligência Artificial é, então, muito bem-vinda, sem medo de concorrência e sempre com a convicção profunda de que
a inteligência de Deus é infinita.