Susete é animadora de atividades no bairro onde vive. As crianças e jovens que frequentam o Centro, a sua vivacidade e dilemas, a busca do seu lugar, a pressa em serem grandes e grandiosos, preenchem o mundo de Susete. Ela tornou-se a confidente, a orientadora, e sobretudo, aquela que ensina a voar. E todos eles sentiam-se de facto pertencentes e identificados com o nome que deram ao seu grupo “Gente Grande”!
Hoje, depois da visita ao tio, internado na Casa de Saúde Mental, Susete sonha com a participação do grupo “Gente Grande” para levar felicidade às pessoas ali internadas. Queria alimentar-lhes o sonho do belo, mostrar o respeito e o carinho que mereciam, que pudessem esquecer os carimbos de “doente”. A “Gente Grande” seria capaz de levar tudo isto… e ficariam, também eles, maiores.
Foi assim decidida que Susete acolheu naquela tarde de encontro a “Gente Grande”:
– Hoje, tenho uma proposta de atividade digna da “Gente Grande”: que vos parece de animarmos o Natal das pessoas internadas na Casa de Saúde Mental?
Como resposta, colheu saltinhos e palmas entusiastas daquelas crianças e jovens, também eles tantas vezes marginalizados.
– Mas vamos marcar a diferença, Susete! – assumiu a Joana, que fervilhava de ideias e entusiasmo.
– Já sei, Joana, vamos fazer barretes de Pai Natal para oferecer – ajuntava Luisinho – e com guizinhos para dar vontade de rir. E risos divertidos, foi o que conseguiu de imediato!
Aquela tarde foi passada a falar de saúde, do valor terapêutico do acolhimento e do aconchego, mas sobretudo, da dignidade da pessoa humana, independentemente da sua condição ou lugar. A “Gente Grande” não tinha dúvidas: fariam a diferença, começando por aquele Natal.
Para além do espetáculo de dança e música e do seu teatro preferido, “o cholé perfumado”, Susete queria deixar algo que permanecesse no tempo e que chegasse ao profundo de cada pessoa ali internada.
– E que vos parece de levarmos um postal de Natal especial a cada uma das pessoas em tratamento?
– Yah! Mas são muitas pessoas, não são?
– Olha, podemos pedir ajuda aos nossos amigos, ou aos nossos colegas de turma…
Estava montado o plano. Naquela mesma tarde, cada criança e jovem da “Gente Grande”, levou para casa e para a escola, uma proposta de postal de Natal. Único requisito: todos teriam o mesmo título: “Tu Vales! O Menino nasceu para Ti!”
E assim, “Gente Grande” fez esta mensagem entrar nas famílias, em escolas, nos corações! E com ela, lembrou a grandiosidade e responsabilidade que ela traz, no respeito e solidariedade, substituindo carimbos que aprisionam por abraço acolhedor.
Os postais chegaram de todo o lado: criativos, artísticos, calorosos! Criaram uma rede de humanidade, feita de pessoas que veem com respeito a dignidade e o valor de cada pessoa humana, rejeitando os carimbos que criam e alimentam as dores.
Em toda a rede nascida e ligada por aquele postal, o Natal foi iluminado por aquela mensagem de abraço aconchegante, digna de “Gente Grande”:
“Tu Vales! O Menino Deus nasceu para Ti!”








