O Papamóvel de Francisco a ser preparado para seguir para Gaza, agora como posto médico. Foto © Cáritas Jerusalém

Foi um dos últimos pedidos de Francisco antes de morrer: que o Papamóvel que habitualmente usava para se deslocar entre a multidão fosse transformado num pequeno posto médico para servir as crianças em Gaza. O Papa transmitiu a sua vontade diretamente à Cáritas Jerusalém, e a instituição acaba de confirmar que o veículo já lhe foi entregue, estando a ser preparado para que esse desejo se cumpra.

“Com o veículo, poderemos alcançar crianças que atualmente não têm acesso [a cuidados médicos], num momento em que o sistema de saúde em Gaza entrou em colapso quase total”, afirmou Peter Brune, secretário-geral da Cáritas Suécia, citado pelo Serviço de Informação Religiosa (SIR) da Conferência Episcopal Italiana, neste domingo, 4 de maio.

A Cáritas Suécia está a apoiar a Cáritas Jerusalém na tarefa de preparar o Papamóvel, que atualmente já conta com equipamentos de diagnóstico, exame e tratamento, incluindo testes rápidos para infecções, kits de sutura, seringas e agulhas, suprimentos de oxigénio, vacinas e um frigorífico para medicamentos. O veículo, que será operado por um motorista e médicos, estará pronto para fornecer cuidados de saúde básicos às crianças em Gaza muito em breve, mas é necessário que o corredor humanitário para a região seja reaberto, depois de quase dois meses sem que o exército israelita permita a entrada de qualquer tipo de ajuda.

“Este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade demonstrados por Sua Santidade pelos mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise”, afirmou por seu lado Anton Asfar, secretário-geral da Cáritas Jerusalém, relançando o apelo por “um cessar-fogo imediato e duradouro”.

“O nosso trabalho em Gaza é um testemunho do nosso compromisso inabalável com a saúde e o bem-estar da comunidade, mesmo nas condições mais difíceis”, assegurou o responsável. Mas o acesso à ajuda humanitária é fundamental. E esta nova miniclínica médica móvel sonhada pelo Papa precisa de poder entrar para que o seu pedido se cumpra verdadeiramente.

Até porque “não é apenas um veículo”, sublinhou Brune. “É uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças em Gaza.” E é ainda um convite: para que o resto do mundo também se lembre.

Texto redigido por Carlos Capucho/jornal 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.