A principal caraterística da missão na Ásia “é a relação com as pessoas”, refere Diego Cazzolato, um sacerdote Missionário da Consolata italiano que trabalha na Coreia do Sul há 36 anos. “A nossa missão é feita de encontros com as pessoas”, destacou. Estes encontros fazem-se a vários níveis e em diferentes realidades. “A nossa presença e ação missionária na Ásia – Coreia do Sul, Mongólia e Taiwan – inclui encontros com cristãos, não-cristãos, crentes de outras religiões, incluindo budistas ou crentes da versão coreana do budismo, chamado Budismo Won, bem como de outras tradições religiões originárias da Coreia. O que é fundamental é o estarmos com as pessoas, mais do que as obras ou o que fazemos: dialogamos com elas, partilhando quem somos e como somos, deixando que façam o mesmo connosco”, indica Diego Cazzolato, que tem trabalhado no Centro para o Diálogo Inter-Religioso dos Missionários da Consolata, desde a sua fundação, em 2012, na diocese de Daejeon, a qual tem já uma Comissão Diocesana para o Diálogo Ecuménico e Inter-Religioso.
As sete comunidades espalhadas pela Coreia do Sul, Mongólia e Taiwan, constituídas por 21 missionários e missionárias, dedicam-se à promoção humana, incluindo a pastoral de comunidades de migrantes ilegais, à animação missionária da Igreja local e ao diálogo com outras religiões. “Tentamos ir ao encontro das pessoas, sobretudo das que não são cristãs. Claro que nem sempre falamos de Jesus Cristo, mas partilhamos a vida, partilhamos os problemas, ouvimos e damos opiniões com base na experiência humana e religiosa de cada um: em suma, tentamos tornar-nos amigos. Esta é a coisa mais importante, direi, sobre a missão na Coreia do Sul”, afirma Diego Cazzolato.
Presença profetizada por Allamano
A abertura do Instituto Missionário da Consolata à Ásia foi profetizada por São José Allamano (1851-1926), fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata – “Não o verei, mas talvez ireis chegar ao Japão, à China, ao Tibete…” A realização deste sonho foi prevista pelo VII Capítulo Geral (1981) e aprovada pelo VIII Capítulo a 12 de junho 1987.
Os primeiros quatro missionários – Diego Cazzolato, italiano, Luís Emer, brasileiro, Álvaro Yepes, colombiano, e Paco Lopez, espanhol – partiram para a Coreia do Sul a 18 de janeiro de 1988 e foram acolhidos na diocese de Incheon. Em 2003, em comunhão com as irmãs da Consolata, a presença na Ásia foi enriquecida com a abertura na Mongólia, onde a Consolata se dedica ao primeiro anúncio, à formação da Igreja local e ao diálogo inter-religioso. O reconhecimento do trabalho missionário realizado naquele país veio com a nomeação de Giorgio Marengo como bispo da Prefeitura Apostólica de Ulaanbaatar, em 2020, sendo depois nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em 2022.
Seguindo as indicações do XII Capítulo Geral de 2011, a Consolata abriu uma nova presença em Taiwan a 20 de setembro de 2014, na diocese de Hsinchu. Em 2016, criou-se a nova Região Ásia, com sede oficial em Incheon, Coreia do Sul: o atual superior é o padre Clement Gachoka, originário do Quénia.
Diego Cazzolato realça que a missão na Ásia não precisa de ser acompanhada de medo. “Nós que estamos na Ásia há mais de 30 anos sentimos que o Instituto da Consolata ainda não está profundamente orientado e centrado na missão deste continente, onde, como sabemos, vive a maior parte da população não-cristã. As razões apresentadas são as dificuldades com as línguas: sim, é verdade que elas são difíceis, mas temos visto que, com tempo, paciência, esforço e humildade, é possível aprendê-las.
Só através delas é que podemos descobrir toda a riqueza e sabedoria das culturas orientais, para podermos conhecer e compreender as pessoas, as quais respondem positivamente à oferta de amizade e afeto da nossa parte, com grande entusiasmo. Uma vez que entramos nestas culturas, com o coração aberto à novidade, podemos sentir que estamos a fazer algo de verdadeiramente importante para as pessoas com as quais entramos em diálogo e partilha. Como esta é a mesma missão de Jesus, não precisamos de ter medo. A missão na Ásia é bonita e fascinante, por isso venham muitos”, conclui o missionário.