O Dia do Escoteiro é celebrado esta quarta-feira, dia 23 de abril, uma data que nos recorda a importância do serviço, da fraternidade e da construção de um mundo melhor, através da educação dos jovens. Esta celebração está ligada a São Jorge, o santo padroeiro dos escoteiros, cuja coragem e determinação simbolizam os valores que procuramos cultivar em cada um dos nossos elementos. Este dia é uma oportunidade para refletirmos sobre o impacto do escotismo na vida dos jovens e na sociedade.
Uma escola de vida
O escotismo não é apenas uma atividade extracurricular ou um passatempo de fim de semana. É uma escola de vida que ensina valores essenciais ao desenvolvimento dos jovens. Através das experiências ao ar livre, dos desafios em equipa e do serviço comunitário, os escoteiros aprendem a ser responsáveis, resilientes e autónomos.
O método escotista, baseado na aprendizagem pela ação, permite que os jovens desenvolvam competências que dificilmente adquiririam noutros contextos. Aprendem a liderar, a resolver problemas, a confiar nos seus colegas e, acima de tudo, a serem cidadãos ativos e conscientes. No escotismo, cada jovem descobre o seu potencial e cresce num ambiente que o incentiva a superar os seus limites.
Para mim, o escotismo é um pilar fundamental na formação do caráter dos jovens. Ao longo dos anos, vi crianças tímidas tornarem-se líderes confiantes, jovens desmotivados encontrarem um propósito, e equipas desorganizadas transformarem-se em grupos unidos e eficientes. O escotismo oferece algo que nenhuma sala de aula pode proporcionar da mesma forma: a experiência real de enfrentar desafios e aprender com eles.
Muito do trabalho desenvolvido com os jovens não é visível a quem nos vê passar, mas apenas ao longo do tempo, refletindo-se no seu próprio crescimento. São os pequenos gestos, os desafios ultrapassados e as lições aprendidas que, com os anos, moldam cidadãos mais conscientes e preparados para a vida. O impacto do escotismo não se mede em dias ou em atividades isoladas, mas sim na forma como cada jovem, ao longo do tempo, se torna um adulto mais empático, responsável, e pronto para servir o mundo ao seu redor.
Impacto na sociedade
Num mundo em constante mudança, onde os jovens enfrentam desafios cada vez mais complexos, o escotismo surge como uma resposta sólida e eficaz. Proporciona um espaço seguro onde podem crescer, experimentar, errar e aprender. Ensina-lhes o valor da amizade verdadeira, do trabalho em equipa e do respeito pela natureza e pelo próximo.
Além disso, o escotismo tem um impacto direto na sociedade. Os escoteiros não são apenas jovens com uniformes e lenços; são agentes de mudança, preparados para ajudar em situações de emergência, voluntariar-se em causas sociais e liderar projetos comunitários. São jovens que aprendem desde cedo que o mundo pode ser melhor se cada um fizer a sua parte. Através do escotismo, formamos cidadãos mais conscientes, solidários e aptos para enfrentar os desafios do futuro.
Missão em Moçambique
O escotismo ensina-nos também a estar ao serviço dos outros. A participação do ‘Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire’ numa missão em Boroma, Moçambique, no ano passado, foi um reflexo desse compromisso. O espírito de serviço e comunhão que nos levou até Moçambique também se manifesta na nossa presença na Peregrinação da Família Missionária da Consolata a Fátima.
Ao longo de um mês em Boroma, os nossos escoteiros dedicaram-se à reconstrução de uma creche. Além do trabalho físico, levaram esperança para as crianças locais. Foi uma experiência transformadora. Os sorrisos das crianças, o olhar agradecido de quem pouco tem mas dá tudo, ensinaram-nos imenso. No final, percebemos que talvez tenhamos deixado algo de nós em Boroma, mas trouxemos connosco muito mais: um sentido renovado de missão, de partilha e de humildade.
Texto: Artur Gomes, Escoteiro Chefe de Grupo 276 – Escoteiros de Mira de Aire