Cemitério de areia para “despertar a consciência da população para a dimensão da violência”
Cemitério de areia para “despertar a consciência da população para a dimensão da violência”Uma praia coberta de cruzes, 700 cruzes, uma por cada vítima de violência no Rio de Janeiro. Copacabana despiu por uma manhã, ontem, o postal ilustrado de uma das mais belas praias do mundo, procurada por cariocas e turistas, para se tornar num cemitério de areia e despertar a consciência da população para a dimensão da violência, como explicou aos jornalistas antónio Carlos Costa, dirigente de uma organização de luta contra a violência.
Os números são reveladores. O site Rio Body Count (contagem de mortos no Rio, numa possível tradução), e que à semelhança do site que regista o número de mortos na guerra do Iraque desde a invasão americana, Iraq Body Count, contabiliza as vítimas de crimes na cidade, a partir das notícias publicadas na imprensa, já regista 386 mortos desde o início de Fevereiro e mais 247 feridos.
Ontem, na mesma manhã em que a praia acordava pejada de cruzes, um agente da Polícia Militar foi baleado, na esquina da Rua Cajurana com a avenida Brasil, na altura do viaduto de Coelho Neto, como descreve o site, citando a edição on-line do jornal carioca O Dia. Este ano, a violência já custou a vida a 30 agentes desta força policial, a mais envolvida no combate ao crime. a morte recente de crianças incendiou ainda mais o debate sobre como combater a violência.
ao meio-dia local (duas horas mais em Lisboa), a Rio de Paz retirou as cruzes de Copacabana e os veraneantes tomaram de assalto a areia, nestes dias quentes do Verão carioca. a violência continua a espreitar no asfalto.