Centenas de fundamentalistas manifestaram-se a exigir a condenação do chefe de redacção da “Playboy”
Centenas de fundamentalistas manifestaram-se a exigir a condenação do chefe de redacção da “Playboy”

É um debate entre a liberdade de expressão e a repressão da pornografia, que divide a Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, dilacerado entre correntes moderadas e grupos fundamentalistas radicais, que apoiam ostensivamente a violência ou atentados como os do 11 de Setembro ou os de Bali.
Esta quinta-feira, centenas de militantes radicais manifestaram-se pelas ruas de Jacarta a exigir a condenação severa do chefe de redacção da versão indonésia da revista masculina Playboy, avança o correspondente local da aFP. Erwin arnada, 42 anos, é acusado de atentado público ao pudor, apesar da revista lançada a 7 de abril de 2006 não apresentar nudez, ao contrário das edições de outros países, nem fotografias mais ousadas do que outras publicações nacionais e estrangeiras à venda no país. O nome, esse, provoca: para políticos muçulmanos e líderes religiosos a condenação foi unânime, com o argumento de que só o nome da publicação levanta problemas.
À época, a polícia e vários dirigentes políticos frisaram que não existem leis na Indonésia que pudessem proibir a revista. O procurador agung ardianto formulará hoje a sua queixa. Já o chefe de redacção da revista incorre numa pena até 32 meses de prisão.
Nas ruas, a divisão de opiniões mantém-se, entre os que vêem neste processo a possibilidade de reprimir a pornografia, simbolizada pela Playboy, e os que defendem a liberdade de expressão, acusando as autoridades de hipocrisia.
Em abril de 2006, a chegada da revista à Indonésia coincidia com uma campanha dos conservadores mulçulmanos para que o Parlamento de Jacarta aprovasse leis mais duras contra a pornografia e os actos obscenos, que já então os críticos dizem constituir um ataque às liberdades individuais.