Papa Francisco
Foto: EPA / Osservatore Romano

O Papa Francisco está a prever ir à Turquia no próximo ano, celebrar em conjunto com o Patriarca Bartolomeu os 1700 anos do Concílio de Niceia, que se assinalam em 2025. A informação foi dada pelo próprio líder ortodoxo em declarações a um grupo de jornalistas, em Lisboa, onde veio para participar no Fórum Global do Kaiciid – Centro de Diálogo Intercultural. Em primeira mão, o jornal digital 7Margens está em condições de avançar que a data que está a ser estudada é o final de maio do próximo ano, por alturas da festa litúrgica da Ascensão, que em 2025 será no dia 29.

Tendo em conta os compromissos dos dois líderes em festas importantes do calendário cristão como a Páscoa e o Pentecostes, a data mais importante seria mesmo a Ascensão. Foi essa a explicação que o 7Margens obteve para a escolha, já que esta é uma festa relevante no calendário litúrgico de ambas as Igrejas – Católica e Ortodoxa. Os cristãos celebram, nessa ocasião, a partida de Jesus de junto dos discípulos, depois da sua morte e ressurreição, ocasião em que lhes deixa o mandato de “evangelizar todos os povos”.

Segundo o Patriarca de Constantinopla, líder espiritual dos ortodoxos, o Papa quer “celebrar em conjunto” aquele “importante” acontecimento. Niceia foi o primeiro concílio com todos os bispos da época, numa altura em que praticamente ainda não havia divisões no cristianismo. Foi ali que se estabeleceu a fórmula do Credo cristão, ainda hoje usada. Francisco está a programar visitar o Patriarcado de Constantinopla, para ir em seguida à atual Iznik (antiga Niceia) fazer uma “celebração histórica deste aniversário”. O Patriarca Bartolomeu adiantou que nos próximos dias reunirá uma comissão mista entre a Santa Sé e o Patriarcado e que o próprio Vaticano irá contactar em breve com o Governo turco, tendo em conta que o Papa é também, juridicamente, chefe de Estado.

Há pelo menos duas vezes por ano em que o Patriarcado Ecuménico e a Santa Sé trocam delegações: em 29 de junho, dia litúrgico de São Pedro e São Paulo, Bartolomeu envia delegados a Roma, para participar na celebração oficial para “celebrar juntos com o Papa a festa dos fundadores da Igreja de Roma”. E a cada 30 de novembro é a Santa Sé que manda uma delegação a Istambul para a celebração da festa de Santo André, um dos apóstolos de Jesus e que terá sido o primeiro bispo de Constantinopla (atual Istambul). Esta troca de experiências é uma das provas, diz Bartolomeu, da amizade que existe entre ele e o Papa Francisco, bem como da proximidade das duas igrejas irmãs – que, diz o Patriarca ortodoxo, deverão prosseguir no caminho para chegar ao “dia glorioso” da plena comunhão.

Texto redigido por António Marujo/jornal 7Margens, ao abrigo de uma parceria com a Fátima Missionária.