Ciganos
Foto: Rúben Gál

Atualizar o conhecimento sobre a comunidade cigana em Portugal é o principal objetivo de um novo estudo que começará a ser realizado no próximo mês de maio. Com duração prevista de dois anos, será coordenado por um consórcio académico e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

“Vai haver um inquérito à população cigana portuguesa, com uma amostra bastante elevada, um inquérito também à população não cigana sobre os ciganos, sobre as representações que têm relativamente à população cigana”, explicou Maria Manuela Mendes, membro do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, uma das partes envolvidas no projeto.

Em declarações à agência Lusa citadas pelo Público, a propósito do Dia Internacional das Pessoas Ciganas, que se assinala anualmente a 8 de abril, a investigadora informou que o estudo incluirá a colaboração da própria comunidade cigana, que irá “fazer uma espécie de consultoria ao projeto”. Haverá ainda dois inquéritos nacionais, envolvendo continente e ilhas.

Este trabalho de investigação, ainda de acordo com a mesma fonte, procurará quantificar o número de pessoas ciganas que vivem em Portugal, mas também terá “uma componente qualitativa, com entrevistas, com histórias de vida” e retratos sociológicos sobre “alguns perfis de pessoas e famílias ciganas”.

Maria Manuela Mendes alertou, ainda, para o aumento dos fenómenos do populismo e do anticiganismo em Portugal. “Este populismo, relativamente aos ciganos, acaba por manifestar-se em grande medida através daquilo que é o anticiganismo, que é uma forma específica de racismo enraizada muito naquela ideologia de superioridade racial e que acaba por retirar caraterísticas humanas às pessoas ciganas.” De qualquer modo, a socióloga considera que o país avançou imenso na aceitação das pessoas ciganas, após “séculos de uma discriminação histórica”.

Até hoje, só foi feito um estudo sobre as comunidades ciganas em Portugal, em 2014. As suas principais conclusões foram a de que os ciganos portugueses tinham pouca escolaridade, casavam cedo e tinham a venda ambulante como principal fonte de rendimento.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.