Era amada e venerada pelo povo, mas as suas formas avantajadas e os dedos a segurar o seio pronto para amamentar o menino ficaram escondidos durante mais de 100 anos
Era amada e venerada pelo povo, mas as suas formas avantajadas e os dedos a segurar o seio pronto para amamentar o menino ficaram escondidos durante mais de 100 anosEra amada e venerada pelo povo, mas as suas formas avantajadas, representando a maternidade, e os dedos a segurar o seio pronto para amamentar o menino ficaram escondidos durante mais de 100 anos. O abade alfred Le Roy, pároco de Châteaulin, na Bretanha francesa, instigado por alguns populares que clamavam que a virgem de Kerluan era indecente, substituiu-a por uma outra imagem mais púdica.
a imagem da virgem, datada do século XVI, foi agora redescoberta, numa capela de Finisterra, próximo da localidade onde exercia Le Roy. a estátua tinha sido aí enterrada em 1904, depois de ser retirada do altar em 1900. Hoje já era tida como uma lenda.
Perante a contestação de fiéis, que se manifestaram contra a retirada da virgem de Kerluan, o pároco tratou de justificar o mau estado de conservação da mesma para a substituição. Lê-se num documento da paróquia, assinado por alfred Le Roy, e disponibilizado no site oficial da autarquia local: No sábado, 7 de Julho de 1900, [… ] perante uma grande assembleia de fiéis, eu abaixo-assinado pároco arcipreste de Châteaulin, abençoei solenemente, com a autorização do senhor bispo, a nova estátua de Nossa Senhora de Kerluan, representando a Virgem Maria amamentando o seu Divino Filho, que substitui a antiga imagem partida em 11 pedaços durante a Revolução [Francesa], de seguida restaurada grosseiramente, e ela mesma uma reprodução grosseiramente trabalhada da Nossa Senhora De Kergoat em Quéméneven [Bretanha].
Hoje, a imagem impúdica é tida como uma jóia da arte religiosa bretã, feita em granito. Foi partida durante a Revolução e depois reconstruída, como revela o pároco pudibundo, e ainda escapou a um incêndio em 1805. Espero que agora a possamos recolocar no seu lugar. as gentes desta região têm uma grande devoção por esta Madona, comentou à aFP o actual pároco de Châteaulin, Jean andro.
Um pregador passou por aqui prometendo o inferno a todos que se revelassem como impúdicos. Naquela época, éramos contra a cidade e as suas supostas perdições. No norte do departamento [região administrativa], era mesmo proibido dançar, explicou Dominique Doaré, adjunto do presidente da Câmara de Châteaulin.