Bernard Obiero - Diretor da Fátima Missionária

São cada vez mais as pessoas que afirmam não ter qualquer religião, especialmente no mundo ocidental. Algumas identificam-se como ateias ou sem religião, e outras são crentes não praticantes. Existem também muitas que são religiosas. Por exemplo, o estudo “Jovens, fé e futuro”, feito pelo Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), publicado no ano passado, revelou que mais de metade dos jovens portugueses – 56 por cento – são religiosos e destes, 50 por cento afirmam-se católicos.

Os ateus e críticos da religião dizem que religião é uma “criação dos homens”, como um modo de escapar aos sofrimentos e a todos os problemas que existem. Segundo eles, apenas há religião, porque há miséria. Seguem a ideia de Marx que afirmava que “a religião é o ópio do povo”. Quer dizer que o povo miserável recorre à religião como um analgésico que lhe dá o conforto de uma esperança falsa. Deste modo, é necessário largar o ópio, e superar esta mentalidade ilusória para que o homem seja “o senhor de si mesmo”.
Não é verdade! Uma verdadeira religião leva à transformação do mundo, promove os autênticos valores humanos como a fraternidade, a justiça, a paz e a defesa do ambiente. As religiões têm influências positivas na sociedade, na cultura, na política, na economia e todas as dimensões da vida. As religiões criam comunidades, promovem estabilidade e ajudam os mais vulneráveis. As verdadeiras religiões são chaves de conhecimento e interpretação do mundo em que vivemos.

Os homens esperam das várias religiões respostas para as suas dúvidas sobre a condição humana. Hoje como ontem, preocupa-nos profundamente saber quem somos, que sentido e finalidade tem a vida, porque existe o sofrimento e a morte, o que existirá depois da vida, qual o caminho para alcançar a felicidade, e entender porque vale a pena viver.

Existe uma profunda coincidência entre a racionalidade e a religiosidade. A fé não deve entrar em conflito com o saber. “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”, escreve o Papa João Paulo II na carta encíclica ‘Fides et Ratio’.