Um livro enviado para escolas refuta teoria da evolução de Darwin. Ministério recusa obra, que responsável muçulmano diz ser “perniciosa”
Um livro enviado para escolas refuta teoria da evolução de Darwin. Ministério recusa obra, que responsável muçulmano diz ser “perniciosa”

É um acto sem precedentes em França, que em nome do Corão, defende as teses do criacionismo e refuta o darwinismo e a teoria da evolução das espécies. Um livro foi enviado aos milhares para as escolas públicas, o que levou o Ministério da Educação a pedir que o mesmo não chegasse às mãos dos alunos. Esta obra, intitulada O atlas da Criação, não corresponde aos conteúdos definidos pelo ministro da Educação.

O atlas da Criação foi escrito por um pregador islamista turco, Harun Yahya, que também alimenta um site da internet chamado a mentira da evolução. No livro, com 770 páginas luxuosamente ilustradas, na descrição da agência aFP, argumenta-se que o homem não mudou desde a sua criação e que as espécies animais permaneceram igualmente imutáveis. Yahya defende a sua tese citando o livro sagrado muçulmano.

Mas estas teses não colhem frutos, mesmo entre os muçulmanos. O responsável da mesquita de Paris e presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano, Dalil Boubakeur, nega categoricamente que a teoria darwinista da evolução seja contrária ao Corão. Para Boubakeur, questionado já na sexta-feira sobre o tema, os argumentos do livro distribuído são perniciosos: Harun Yahya tenta demonstrar que as espécies permaneceram fixas, com fotos para o apoiar, mas não explica o desaparecimento de determinadas espécies nem o aparecimento de outras, contrapõe Boubakeur.