São muitos os grupos de peregrinos que por estes dias chegam ao Santuário de Fátima. Um deles é constituído por 22 pessoas. Entre estas, há quem tivesse já feito etapas da peregrinação em março e abril, entre Viana do Castelo e a Maia, mas grande parte do grupo partiu na passada sexta-feira, 5 de maio, da Maia, e chegou ao Santuário de Fátima quinta-feira, dia 11. Caminharam à noite, com uma equipa que apoiava a sua logística, tratando dos locais de descanso, sobretudo em salões paroquiais, e da confeção das refeições.

Apoio ao peregrino a pé

Ao longo do percurso, encontraram, por diversas vezes, a Ordem da Malta, à qual recorriam para tratar bolhas e fazer massagens, em caso de necessidade. Além do tratamento, recebiam lembranças, como pulseiras, medalhas com motivos religiosos, assim como fitas e braçadeiras refletoras. O grupo é formado por pessoas na faixa dos 30 anos, 40, 50 e 60. Destaque para a presença de duas peregrinas, com 25 anos. Uma delas é Magda Carvalho, auxiliar de ação educativa, residente em São Pedro d’Arcos, município de Ponte de Lima, que à chegada à Fátima recorda como tudo começou.

“Quando foi a reunião do grupo, disseram-nos que nós deveríamos conseguir fazer cinco quilómetros por hora, mas que, claro, nunca se deixaria ninguém para trás. Propus-me a treinar para conseguir. Comecei a preparar-me em fevereiro. No início, quando comecei a treinar, eu percebi que fazia quatro quilómetros numa hora e por isso pensava que nunca iria conseguir. Mas não. Pouco tempo depois, já conseguia fazer os cinco. Todos os dias, depois do trabalho, eu fazia os cinco quilómetros numa hora, desde que não chovesse. Aos fins de semana eu tentava fazer mais do que isso. Cheguei a fazer 20 quilómetros ao sábado, e 15 ao domingo. Quando vim, agora na peregrinação, já fazia mais do que cinco quilómetros numa hora. Treinei muito em subidas, e desejava não encontrar muitas, mas encontrei-as. Mas com a vontade de chegar a Fátima, parece que custa menos.”

As dificuldades do caminho

Magda recorda agora todas as etapas da peregrinação. A etapa mais curta foi de 25 quilómetros, e mais longa de 39. “Não fiz bolhas, mas fiz calos na planta do pé e também me custou muito a andar”, refere, lembrando a história de uma colega de grupo. “À chegada, disse a uma colega minha que ela é para mim um exemplo de coragem que eu levo. Ela calçava o 38 e estava a calçar o 42. Houve uma etapa em que ela chorou. Afastei-me porque não conseguia acompanhar alguém que eu via que estava em sofrimento. Mas ao mesmo tempo, dava vontade de chorar com ela, porque eu sabia que a vontade dela de ir, era maior do que a dor que ela sentia, e isso sim, faz uma pessoa chorar e sentirmo-nos próximos.”

A emoção da chegada

Esta foi a primeira peregrinação a pé de Magda. Decidiu partir porque a sua mãe tinha feito uma promessa por ela, mas não a conseguia cumprir, devido a problemas de saúde, e, por isso, Magda pôs-se a caminho. “Ao chegar, sentia-me tão feliz que só me apetecia sorrir. A alegria era mesmo muita. No final abraçamo-nos todos, agradecemos uns aos outros a companhia e tudo o que passámos, e aí, chorei, chorei, chorei”, conta a jovem, afirmando que pensa voltar a peregrinar a Fátima a pé.

Texto e fotos: Juliana Batista