Um dia depois do Presidente da República, anónimos aguardam momento para se recolher perante o corpo do abade Pierre
Um dia depois do Presidente da República, anónimos aguardam momento para se recolher perante o corpo do abade PierreNós não fazemos muito pelos pobres, ele deu toda a sua vida. É normal que lhe venha dizer adeus. Jean Chevais é advogado, o seu escritório fica próximo da igreja de Val-de-Grâce, onde centenas de pessoas esperam, em tom grave e enregeladas, ordeiramente para poderem se recolher, por breves instantes, junto da urna onde repousa abade Pierre, falecido segunda-feira aos 94 anos.
Odile Toutain, de 49 anos, relembra à aFP os seus encontros com o fundador dos Companheiros de Emaús, em acções a favor dos sem-abrigo: Ele estava comigo como um pai com uma filha, diz com um sorriso triste no rosto. Sou crente mas o seu exemplo vai bem mais longe que a religião. Era o maior profeta dos nossos tempos.
É este sentimento, ajudado por uma popularidade enorme entre a população francesa, que fez com que a República Francesa parasse para prestar homenagem a abade Pierre. Ontem, Jacques Chirac e muitas personalidades políticas passaram pela igreja para velar o corpo, hoje são os anónimos. Estou muito contente que lhe façam exéquias nacionais; se há homem de França que as merece, é ele, diz Jean Chevais.
as barreiras canalizam as pessoas até ao altar, onde, como descreve a agência aFP, estão pousadas a bóina basca e a cana que o abade usava. ao lado, sobre um genuflexório, a sua insígnia da grã-cruz da Legião de Honra, uma distinção do Estado francês.