Região de contrastes, onde os mais pobres precisam de 157 anos para ganhar o que os mais ricos ganham em 12 meses
Região de contrastes, onde os mais pobres precisam de 157 anos para ganhar o que os mais ricos ganham em 12 mesesO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou, no dia 27 de Dezembro, o atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador, Baía. Em poucas palavras, trata-se de um banco de dados digital com cerca de 200 indicadores sociais, desenvolvido mediante um acordo entre o governo estadual e a Organização das Nações Unidas. Os dados são de 2000, mas, mesmo assim, podem constituir um óptimo instrumento para melhor direccionar as políticas públicas nas áreas da Educação, Saúde e Rendimento.
Salvador precisa disso para quê? O destino procurado por milhões de turistas todos os anos: pelas suas praias e seu sol; sua música e seus ritmos cheios de calor; suas gentes de pele dourada e sua história centenária, não é um paraíso?
Quanto à beleza tanto natural quanto histórica da Baía, sobretudo a sua capital, Salvador, ninguém contesta o seu encanto, nem mesmo o turista mais distraído. Mas, é como diz o ditado: Não há bela sem senão. Segundo o estudo levado a cabo pelo IBGE, Salvador tem a segunda pior distribuição de rendimento do mundo. Para melhor ilustrar esta realidade, não há como uma comparação: se fosse um país, a situação só seria melhor que a da Namíbia, na África.
Na capital do carnaval de rua do ilustre poeta Jorge amado, de artistas consagrados como Caetano Veloso, Ivete Sangalo, Daniela Mercury e outros, o fosso entre o que tem e o que não tem pode ser medido entre os 20 por cento mais ricos (do bairro chic Itaigara) e os 20 por cento mais pobres (Fazenda Coutos, no subúrbio). Os primeiros têm um rendimento média mensal de 2. 000€; os segundos não têm um euro por dia. Estes coitados precisariam de 157 anos para ganhar o mesmo que os mais abastados recebem em 12 meses.
O que o IBGE fez foi, afinal, devolver ao sotero-politano (como são conhecidos os seus habitantes) a sua realidade: miséria. a sua beleza é só mesmo para inglês ver.