Comissão de inquérito admite que Stanislaw Wielgus colaborou conscientemente com polícia secreta do regime comunista
Comissão de inquérito admite que Stanislaw Wielgus colaborou conscientemente com polícia secreta do regime comunistaO novo arcebispo de Varsóvia, Stanislaw Wielgus, colaborou mesmo com a polícia secreta comunista, reconheceu esta sexta-feira uma comissão de inquérito da Igreja polaca. Existem numerosos documentos importantes confirmando que o padre Stanislaw Wielgus se dispôs a colaborar, de forma consciente e secreta, com os orgãos de segurança comunistas, e que ele encetou esta colaboração, lê-se num comunicado da comissão.
Num outro comunicado, divulgado esta sexta-feira, Stanislaw Wielgus rejeita de novo as acusações que pendem sobre ele. Não realizei nenhuma missão de informação, não fiz qualquer mal nem por actos, nem por palavras, afirmou o arcebispo, que deverá ser investido na diocese no próximo domingo. acusaram-me de más intenções e de um mau comportamento para com a Igreja, mas é falso, sublinhou, no texto citado pela agência PaP. O arcebispo reconhece apenas que assinou, sob ameaça, em 1978, nas vésperas de uma viagem à alemanha, uma declaração de colaboração com os serviços de informação polacos.
Mas a comissão de inquéirito da Igreja não parece concordar com o sucessor do cardeal Joszef Glemp. Os documentos estudados pela comissão, que estão na posse do Instituto da Memória Nacional, que gere os arquivos das polícias comunistas, foram reproduzidos na íntegra esta sexta-feira pela generalidade da comunicação social polaca.
a Igreja polaca não parece agora confortável com a entrada em funções do novo arcebispo de Varsóvia, mas os seus responsáveis recusam-se pronunciar sobre o facto, depois de bispos e do Vaticano terem apoiado Wielgus em Dezembro. Nem a comissão histórica da Igreja polaca, nem a conferência episcopal são orgãos tutelares de qualquer bispo na Polónia, afirmou o porta-voz do episcopado, Jozef Kloch. Este sacerdote adiantou que o relatório da comissão vai ser transmitido à Santa Sé.
O caso do arcebispo não é novo, mas ilustra o mal-estar da Igreja polaca com a divulgação do colaboracionismo de padres e religiosos com o antigo regime comunista. Se por um lado, os católicos – que representam 95 por cento da população -, e entre eles muitos sacerdotes e bispos, foram um esteio de contestação nos 40 anos de regime comunista, até ao estertor do Governo de Jaruzelski, muitos religiosos conhecidos confessaram recentemente terem colaborado com o poder comunista e retrataram-se publicamente. Outros rejeitaram acusações divulgadas. Os historiadores estimam que haverá cerca de dez por cento de ex-colaboradores da polícia secreta comunista entre o clero polaco.