Comunidade muçulmana quer transformar espaço em local de oração ecuménico. “Confusão entre crentes” na origem da recusa pelo prelado da diocese
Comunidade muçulmana quer transformar espaço em local de oração ecuménico. “Confusão entre crentes” na origem da recusa pelo prelado da dioceseO bispo de Córdova (Espanha), D. Juan José asenjo, recusa abrir a catedral, uma antiga mesquita, a sacerdotes muçulmanos, relata a imprensa espanhola esta quinta-feira. O bispo andaluz reagiu assim a um pedido de longa data da comunidade islâmica, recentemente reiterado numa carta dirigida ao Papa Bento XVI, para que a Grande Mesquita de Córdova se torne num local de oração ecumémico.
Para D. Juan José asenjo, a partilha da mesquita-catedral provocaria uma confusão entre os crentes abrindo espaço à indiferença religiosa, relata o jornal aBC. O bispo invoca direitos históricos e religiosos da Igreja Católica sobre o lugar de culto e adverte que a situação não contribuiria para a convivência pacífica dos diferentes credos. O bispo sublinha, em declarações ao diário espanhol, que os cristãos não querem estar submetidos a pressões contínuas que não contribuem para a concórdia.
O edifício, obra prima da arquitectura muçulmana (785-987), foi convertido em catedral em 1236, durante a reconquista cristã. De acordo com o El País, o espaço foi construído sobre ruínas de uma basílica visigótica. D. Juan José asenjo recorda que tanto o episcopado e o cabido da catedral – órgão eclesiástico que dirige e governa o espaço de culto – tem títulos jurídicos que mantêm o uso exclusivo da catedral para a Igreja Católica. Esta afirmação categórica apoia-se também nas escavações arqueológicas de 1930, que revelaram a presença anterior da basílica visigótica.
Mansur Escudero, presidente da organização que representa os muçulmanos espanhóis, a Junta Islâmica, ajoelhou-se esta quinta-feira de manhã perante a catedral-mesquita, esperando assim comover o coração do bispo de Córdova, anuncia a agência Europa Press. Na realidade, muçulmanos e cristãos rezam ao mesmo Deus, que é único, explicou, e rezar juntos permitirá um grande entendimento entre as duas religiões.