A crise no Afeganistão está a provocar “danos irreparáveis” às crianças, alertou Catherine Russell, nova diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que esteve de visita a algumas partes do território. A responsável refere que testemunhou dezenas de menores a pedir dinheiro nas filas de trânsito da capital – Cabul – assim como bebés desnutridos nos hospitais de Kandahar, “sem força para chorar”.

De acordo com Catherine Russell, as lojas e mercados estão apetrechados, mas quase ninguém tem capacidade para fazer compras. A responsável escutou diversas famílias, que sobrevivem, sobretudo, à base de pão e água. Para a diretora-executiva da UNICEF, esta situação ainda se pode agravar mais.

Numa tentativa de ajudar a população, a agência das Nações Unidas dedicada à infância está a formar professores, a vacinar, a prestar tratamento para a desnutrição, a melhorar o acesso a serviços de água e saneamento, e a fornecer equipamentos para instalações de saúde pública em todo o país.

Catherine Russell pede às autoridades que empreendam ações concretas para que todas as meninas possam ir à escola, e para que todas as mulheres regressem ao trabalho. A responsável alertou ainda para a importância de se garantir a segurança dos profissionais que trabalham na campanha contra a poliomielite, uma vez que oito trabalhadores foram mortos em Kunduz. “Quanto mais esperarmos, pior será para as crianças do Afeganistão”, frisou a responsável, citada pelos serviços de comunicação das Nações Unidas.

Segundo projeções da UNICEF para este ano, mais de 1 milhão de crianças vão precisar de tratamento para a desnutrição aguda grave, e quase 13 milhões vão necessitar de ajuda humanitária. Num cenário destes, doenças como o sarampo e diarreia aquosa aguda deverão continuar a disseminar-se. De acordo com a agência das Nações Unidas, até 97 por cento de todas as famílias afegãs podem a estar a viver abaixo da linha da pobreza durante os próximos meses.