“Há muitos cidadãos que têm dificuldade em abordar o assunto”. O aborto é uma questão “fundamentalmente de consciência”, defende o cardeal patriarca de Lisboa, em entrevista ao Diário de notícias.
“Há muitos cidadãos que têm dificuldade em abordar o assunto”. O aborto é uma questão “fundamentalmente de consciência”, defende o cardeal patriarca de Lisboa, em entrevista ao Diário de notícias. Esta é uma questão transversal. Se há pessoas que têm já uma posição completamente tomada, tudo leva a crer que há uma camada da população para quem a questão é dolorosa, incómoda, afirma o cardeal patriarca de Lisboa, numa entrevista hoje publicada no Diário de Notícias.
José Policarpo considera que este referendo ao aborto exige um debate esclarecedor das consciências e se tal acontecer não teria dúvida nenhuma em dizer que entro na campanha. Se a campanha se assemelha à anterior, a uma campanha partidária, penso que aí não é o meu lugar. Gostaria que as pessoas não perdessem a calma, refere ainda.
O patriarca recusa que se faça campanha pró-vida nos púlpitos das igrejas e deixa o papel de campanha aos movimentos. Há grupos de católicos, e não só, que têm uma posição clara, e esses sim têm o direito de se constituírem como grupos cívicos e fazer campanha, salienta.
O prelado que se prepara para participar nos trabalhos do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, em Bruxelas salienta que a Igreja através do bispo de Leiria-Fátima, antónio Marto acompanharia os representantes desses grupos, para não estarmos todos a receber as mesmas pessoas. É natural que ele tenha dado orientações. Isso não significa que seja o coordenador. É um diálogo pastoral. Todos têm o direito de falar e ouvir os nossos conselhos.
Para os cristãos, votar no não será uma questão de fidelidade aos mandamentos, lembra o cardeal. apesar de tudo, há católicos que podem ter interpretações imperfeitas e superficiais daquilo em que acreditam.
Se o Sim ganhar, mas o referendo não for vinculativo, o cardeal defende que o Parlamento não deve legislar. Em qualquer caso, agora terão mais manobra politica para o fazer se esse cenário se verificar, concluiu.
a entrevista