Depois de anos e anos de nepotismos e favores políticos, começou timidamente no Quénia a devolução de terrenos injustamente adquiridos.
Depois de anos e anos de nepotismos e favores políticos, começou timidamente no Quénia a devolução de terrenos injustamente adquiridos. São 133 as personalidades quenianas que devolveram voluntariamente ao governo os títulos de propriedade de terrenos. Tinham sido adquiridos ilegalmente ou obtidos por meio de manobras políticas ilícitas.
Desde a independência do Quénia, em 1963, enormes parcelas do território nacional vinham sendo atribuídas a indivíduos em autoridade ou bem relacionados. Falo de milhares de quilómetros quadrados nas zonas rurais e de valiosíssima propriedade urbana.
O ministro Kivuta Kibwana afirmou há dias que, desde a independência 200. 000 títulos de propriedade foram ilegalmente atribuídos no país durante os regimes de Jomo Kenyatta e arap Moi.
Perante este número astronómico são apenas uma gota de água os 133 ilustres cidadãos que até agora devolveram voluntariamente os títulos assim obtidos. São uma gota no oceano da corrupção, mas são o início e uma mudança.
Não obstante todas as suas fraquezas, o governo do presidente Mwai Kibaki tem insistido na necessidade de reaver toda a propriedade roubada ao povo. Parece que finalmente o medo de uma descompostura publica e de figurar na lista da vergonha, que o governo se propõe publicar, está a surtir efeito.
a devolução voluntária traz a vantagem de o nome do proprietário ser mantido secreto, evitando assim a tal descompostura e a perda de vantagens políticas. É pouco. Mas é pelo pouco que o muito inicia.
Quando a maré muda e a propriedade pública começa a ser devolvida ao povo, há uma fundada esperança que a delapidação do património nacional tenha atingido o auge e esteja agora em regressão. O governo e o povo estão de parabéns. Mas ainda há muito caminho para andar.