ao ler os jornais diários de Nairobi é raro o dia em que não se encontram acenos a casos de “justiça de aldeia”. O povo tortura e mata impunemente os presumí­veis criminosos.
ao ler os jornais diários de Nairobi é raro o dia em que não se encontram acenos a casos de “justiça de aldeia”. O povo tortura e mata impunemente os presumí­veis criminosos. “Uma multidão em fúria encurralou e linchou três presumí­veis criminosos ontem em Kitui”, escreve o Jornal Standard, de 14 de agosto. Os três foram acusados em público de pertencerem a um bando que aterrorizava a vizinhança. antes que pudessem defender-se, foram imediatamente agredidos e mortos com pedras e paus.
Dir-se-á que as tristes excepções confirmam a regra. Infelizmente parece serem a regra. ai de ti, se alguém gritar ladrão, apontando-te com o dedo. Se foges, não escapas; se não foges, estás morto.
Vive-se nestes casos aquela a que João Paulo II chamava a civilização da morte. Noutros países essa mesma civilização terá outras manifestações – guerra, tráfico de menores, aborto e outras chagas. Esta sua rude e cruel presença causa-me uma dor particular.
Seria tão fácil para as forças da ordem conter estes excessos ou prender os linchadores assassinos. Nada se faz. Que eu saiba nunca ninguém aqui foi levado a tribunal e condenado por ter participado num destes festivais da morte.
Quando há anos se deu o genocídio no Ruanda, em que muitos católicos tomaram parte activa, perguntávamo-nos até que ponto a fé em Jesus Cristo guia os passos destes crentes. Faço a mesma pergunta acerca dos constantes casos de linchamento por aclamação tão frequentes neste país.
as pessoas estão cansadas e até mesmo desesperadas na vá esperança de um mínimo de justiça e segurança que lhes são negadas. Desconfiam de tudo e todos. Os resultados estão a vista.
Vale a pena trabalhar e levantar a voz contra a vingança fácil e impune. Vale a pena apresentar o Cristo da fraternidade, reconciliação e perdão.como dizia João Paulo II, vale a pena desfraldar a bandeira da civilização da vida.