Em procissão, caminhantes do alentejo, foram acolhidos por outros peregrinos e pelo povo fatimense com aplausos, ao som de um cântico mariano com melodia de coral alentejano.
Em procissão, caminhantes do alentejo, foram acolhidos por outros peregrinos e pelo povo fatimense com aplausos, ao som de um cântico mariano com melodia de coral alentejano. Não passou despercebida, em Fátima, no final da tarde desta quinta-feira, a chegada do grupo de caminhantes de Reguengos de Monsaraz, Mourão e Portel. Cerca de 250 quilómetros depois de saí­rem a pé destas localidades, entram em Fátima, pela rotunda sul. ali, o grupo compactou-se e, em procissão, foram percorrendo as ruas da cidade-da-paz, rumo ao santuário, ao ritmo do “avé de Fátima” e orações. Mas o que chamou mesmo a atenção dos transeuntes e comerciantes foi ouvi-los todos a cantar: “Nossa Senhora de Fátima, que está no seu altar/ todos lá vamos ajoelhar/ e a cantar, e a cantar vamos rezar”. Um cântico que ‘denunciava’, pela melodia tipicamente alentejana, a proveniência destes peregrinos. Receberam muitos aplausos por onde passavam, sinal de acolhimento e alegria partilhada.
Entraram no Santuário quando os sinos tocavam o “avé de Fátima” das 20h00. Parece que estes, com seu toque melodioso, quiseram estar em sintonia com a chegada destes peregrinos vindos de terras tão longí­nquas. Já na Capelinha, cheia de outros peregrinos, permaneceram, por minutos, em perfeito silêncio e, depois, em semiCírculo, voltados para Nossa Senhora, agradeceram com três ave-Marias e, novamente, com o louvor alentejano a Maria. Mais uns longos minutos de oração recolhida, misturada com muitas lágrimas e soluços de emoção, louvor e prece. Há razões que a razão desconhece. a linguagem do coração de um peregrino, diante da Mãe, em tantas histórias de vida e sentimentos provocados pelo ‘peregrinar interior’ desta peregrinação a pé. antes de irem jantar e pernoitar, há tempo ainda para longos e sentidos abraços de ternura e cumplicidade na caminhada e, agora, na chegada.
Um dia em cheio
Os caminhantes tinham acordado, neste último dia, antes das 4h00. saíram da Louriceira rumo a Fátima às 6h00, sem antes lhes serem distribuí­das as tshirts com o lema da peregrinação deste ano. Uma paragem de praxe, em Moita Velha, onde uma senhora, por tradição, faz questão de dar aos que passam um “mata-bicho” de pão com chouriço. Nisa, o homem das reflexões, aproveita a pausa e apresenta a dinâmica da corda cheia de nós para, em seguida, convidá-los a desatarem esses nós, como símbolo dos que temos na nossa vida e como caminho para a reconciliação com Deus e com os irmãos. Uma forma de irem preparando a celebração penitencial e a missa, que teriam mais tarde.
Chegam ao Covão do Coelho sensivelmente à mesma hora de dois padres, curiosamente com o mesmo nome: albino. Na Igreja desta localidade tiveram a oportunidade de se reconciliarem com Deus, através do sacramento da penitência. E quase todos o fizeram. a missa fechou este momento com chave de ouro. Logo após, almoço e partida para a última etapa rumo a Fátima. O padre albino, missionário da Consolata, caminha com eles até Fátima. Treze quilómetros os separavam do “altar do mundo”.
a última paragem é também o momento para revelar quem era, afinal, o “amigo secreto” de cada um (distribuí­do por sorteio, na etapa de évora a Montemor-o-Novo). aquele amigo por quem rezavam, com algum gesto de afecto. Distribuí­ram-se sinais de amizade e carinho. Desfeitos os segredos e mistérios, às 18h30, convocação para o último esticão. Temia-se pela Manuela, com muitas dificuldades para andar, mas o grupo, sempre generoso e atento aos mais fracos (eram eles que, por norma, iam à frente, impondo o ritmo) fez de tudo para que não se deixasse abater. Os passos foram cadenciados, ao ritmo de cânticos e orações. O ritmo do peregrino.
Se para o caminhante é tão importante partir quanto chegar. Pois, chegaram, e chegaram todos! Na alegria do encontro com a Mãe.