O diretor executivo da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento considera insuficiente a decisão do G20 de adiar até ao final do ano o pagamento da dívida a muitos países em desenvolvimento, face à crise gerada pela pandemia da Covid-19. “Esta suspensão servirá como um balão de oxigénio para que os países do Sul possam enfrentar a crise de saúde atual, mas adia para um futuro, já de si incerto, a resolução de inúmeros problemas económicos, sociais, ambientais e de saúde pública, que se agravam a cada dia que passa”, afirma João José Fernandes.

Segundo o dirigente, pelo menos 64 dos países mais pobres, já gastavam anualmente menos em saúde do que no pagamento da dívida pública, ainda antes da crise pandémica. Por isso, “o facto dos credores terem decido apenas adiar os pagamentos significa que esta situação tenderá a continuar e a piorar nos próximos anos”.

Neste contexto, João José Fernandes defende que o cancelamento permanente de parte das dívidas dos países em desenvolvimento será fundamental “para permitir que estes enfrentem os piores impactos sociais e económicos que resultarão da pandemia, especialmente no contexto de uma mais que provável recessão global”.

Para o ativista, é ainda “imprescindível que a comunidade internacional trabalhe para chegar a acordo sobre um mecanismo que permita reduzir os encargos da dívida para níveis sustentáveis e um processo sistemático para a reestruturação da dívida soberana dos países em risco”.