Foto: CIMI

As circunstâncias em que ocorreu a morte de Zezico Guajajara ainda estão em fase de apuramento pelas autoridades, os guardiões da floresta, companheiros da vítima, suspeitam “das máfias poderosas de madeireiros que exploram ilegalmente a floresta da Terra Indígena Arariboia”, ocupada pelo povo indígena Guajajara e pelos indígenas isolados da etnia Awá. Cinco guardiões já foram mortos e seus líderes recebem constantes ameaças de morte.

“Perdemos mais um companheiro batalhador – um homem que defendia a vida. Estamos abalados. Estamos de luto. Estamos protegendo a floresta para todos os seres humanos, mas estamos sendo assassinados por esse grande capital com muito poder. O próximo posso ser eu ou outro. O governo atual é brutal e o seu racismo está encorajando mais violência contra nós. Sabemos que tem muita impunidade aqui mas queremos justiça e queremos o apoio de pessoas ao redor do mundo”, apelou o coordenador dos guardiões, Olímpio Guajajara.

Segundo a Survival Internacional, uma plataforma de defesa dos direitos dos povos indígenas, madeireiros, fazendeiros, garimpeiros e outros exploradores têm-se sentido encorajados a invadir terras indígenas pelo discurso e ações claramente anti-indígenas do atual governo. Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, o número de invasões a terras indígenas e de ataques contra as comunidades aumentou drasticamente.

“Zezico estava sempre cheio de energia e lutou sem medo para proteger a floresta e melhorar a vida de seu povo. Os madeireiros estão desesperados para se livrar dos guardiões, tirando-lhe a vida, um por um. Enquanto a atenção do mundo está focada na pandemia do coronavírus, os indígenas continuam a lutar na linha de frente para salvar as florestas para as suas famílias, pelos povos indígenas isolados e por toda a humanidade. Eles precisam que a comunidade internacional os apoie agora mais do que nunca”, sublinhou Sarah Shenker, investigadora da Survival.