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Relatório apresentado na Comissão de Direitos Humanos demonstra o aumento da desflorestação e das invasões em territórios da Amazónia, habitados por grupos originários, alguns deles isolados

Uma comitiva de ativistas brasileiros desloca-se esta terça-feira, 3 de março, à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, Suíça, para apresentar um relatório onde é denunciada a frágil situação dos povos indígenas em isolamento no Brasil e os crescentes riscos de etnocídio e de genocídio destas populações.

O documento, elaborado pelo Instituto Socioambiental (ISA), mostra que o aumento da desflorestação em 2019 foi maior em territórios de povos indígenas isolados e detalha, de forma inédita, a destruição em curso das políticas ambientais e indigenistas promovida pelo atual governo de Jair Bolsonaro.

Segundo os autores do relatório, «o panorama para os povos indígenas isolados no Brasil é devastador». «Com a explosão do desmatamento e da destruição das florestas e o avanço de práticas ilícitas, como o garimpo, extração ilegal de madeira e grilagem de terras, a existência desses grupos está gravemente ameaçada», alertam.

Na sessão está prevista uma intervenção de Davi Kopenawa, líder yanomami e considerado o «Dalai Lama» da floresta, para dar conta da ameaça que o seu povo enfrenta de novo, com a invasão de garimpeiros. Estima-se que estejam dentro da área protegida cerca de 20 mil exploradores, um número recorde desde que a terra foi demarcada, em 1992.

«Estou muito preocupado. Eu não queria que eles morressem sozinhos, sem ver quem um dia matou eles. É o garimpeiro que mata. Se um dia eu encontrar os Moxihatetema [uma comunidade indígena isolada], vou dizer que é melhor não encontrar o nape (não indígena), melhor eles ficarem por lá. O nape não cuida do índio», afirmou o líder indígena.