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Organizações indígenas apresentaram uma proposta de lei à Assembleia Legislativa da Bolívia, pedindo a revogação de três leis e dois decretos supremos, considerados prejudiciais para o ambiente

«O que estamos a propor é a revogação destas leis, que foram a causa dos incêndios do ano passado e que não nos tiveram em conta na sua preparação. Estamos a pedir novas propostas de lei que tenham em conta a nossa participação», explicou o líder da Organização Indígena Chiquitana e porta-voz do movimento.

Num comunicado enviado à agência Fides, a arquidiocese de Santa Cruz informa que o projeto de lei propõe a revogação da lei 1171 sobre o uso e gestão racional de incêndios para queimar sobrantes, assim com um sistema de sanções administrativas por queimadas sem autorização, além de um período extraordinário de regularização do pagamento de dívidas e multas por incêndios sem autorização.

A Igreja da Bolívia, através das suas organizações de apoio social, participou no resgate e na assistência às populações afetadas pelos incêndios em setembro de 2019. Na ocasião, pediu ao governo que interviesse urgentemente «para declarar a emergência nacional nas áreas afetadas, promulgar um decreto que proibisse o cultivo e a extração e promover atividades de reflorestação e uma gestão eficiente dos recursos da ajuda nacional e internacional».

«Há indícios sérios de que por detrás deste desastre nacional e humanitário há uma tentativa de expandir a fronteira agrícola na Bolívia sem ter em conta os interesses da casa comum, nem os princípios básicos da ética ecológica, nem os povos indígenas», declarou, em setembro do ano passado, a Conferência Episcopal boliviana.