Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho revela que há cada vez mais jovens sem emprego, educação ou formação. E a probabilidade das mulheres jovens estarem nessa situação é duas vezes maior
A automação, o foco limitado de muitas formações profissionais e a falta de empregos que atendam às qualificações dos mais novos estão a fazer aumentar o número de jovens sem emprego, educação ou formação, segundo o mais recente relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O relatório «Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2020» mostra que, desde o estudo anterior, publicado em 2017, verificou-se uma tendência para o aumento da quantidade de jovens sem grandes perspetivas de futuro. Em 2016 havia 259 milhões de jovens sem emprego, educação ou formação, um número que passou para 267 milhões em 2019 e que deve atingir os 273 milhões em 2021.
Os novos dados revelam ainda que os jovens empregados, com idades entre os 15 e 24 anos, também enfrentam um risco maior do que os trabalhadores mais velhos de perder a colocação no mercado de trabalho por causa da utilização cada vez maior das técnicas computorizadas ou mecânicas para otimizar os processos produtivos.
«O mundo não pode dar-se ao luxo de desperdiçar talento ou investimento em aprendizagem se quiser enfrentar os desafios impostos pela tecnologia, mudança climática, desigualdade e demografia», alerta a chefe da Divisão de Políticas de Emprego e Mercado de Trabalho do Departamento de Políticas de Emprego da OIT, Sukti Dasgupta, sublinhando que «não estão a ser criados postos de trabalho suficientes para a juventude».
O relatório conclui também que aqueles que concluem o ensino superior têm menos probabilidade de ter os seus empregos substituídos pela automação, mas enfrentam outros problemas, porque o rápido aumento do número de jovens com diploma na força de trabalho superou a procura por mão de obra graduada, o que tem levado à diminuição dos salários dos graduados.