Cardeal aponta o diálogo entre religiões como solução para combater o terrorismo e critica as potências mundiais que continuam a vender armas aos grupos extremistas
O cardeal Phillip Ouedraogo, arcebispo de Ouagadougou, no Burkina Faso, defende o debate pacífico entre religiões como uma opção fundamental para combater o extremismo. Numa entrevista publicada pela Conferência Episcopal Regional da África Ocidental, o purpurado insurge-se ainda contra a venda de armas por parte das potências ocidentais aos grupos jihadistas.
«O diálogo inter-religioso está no centro do nosso trabalho pastoral. Procuramos trabalhar juntos para viver juntos, no respeito e na escuta recíproca», afirma o cardeal, numa referência à crise vivida na região africana do Sahel, onde os ataques terroristas continuam a intensificar-se em países como o Burkina Faso, Mali, Níger e Chade.
Em relação ao Burkina Faso, Ouedraogo recorda que o país enfrenta o desafio dos ataques terroristas desde 2015: «Em cinco anos, pessoas inocentes foram massacradas sem piedade. A Igreja Católica pagou um preço muito alto e muitos cristãos foram mortos. Nem os protestantes foram poupados dessa tragédia, que provocou o deslocamento de mais de 600 mil pessoas devido à insegurança e à violência», e impediu que as crianças frequentassem a escola.
Para o arcebispo de Ouagadougou, é fundamental e urgente que as potências ocidentais interrompam o comércio de armas com a África, pois «são essas armas que permitem que grupos jihadistas matem a população inocente». O purpurado não poupa criticas também aos executivos locais, que acusa de cumplicidade na compra de armamento e de agirem «de forma deplorável às custas da paz e da segurança dos povos da África».