Os sindicatos da África do Sul ameaçaram com uma greve contra um serviço de comboio de alta velocidade que consideram elitista, sem tomar em conta as necessidades dos pobres.
Os sindicatos da África do Sul ameaçaram com uma greve contra um serviço de comboio de alta velocidade que consideram elitista, sem tomar em conta as necessidades dos pobres. O comboio de alta velocidade está projectado para fazer a ligação entre Pretória, a capital nacional, e Joanesburgo, o centro dos negócios. Por cerca de três mil milhões de euros pretende-se poder viajar entre as duas cidades, 80 quilómetros, em 40 minutos. O projecto Gautrain deve estar pronto para o campeonato do mundo de futebol de 2010. actualmente a ligação é feita através de uma auto-estrada, uma das mais movimentadas do mundo. Os transportes públicos sempre foram insuficientes e inadequados.
No entanto, o novo serviço de comboio “não favorece em nada as pessoas pobres que vivem nos bairros periféricos negros e que chegam a demorar quatro horas para ir trabalhar a Joanesburgo”, disse Siphiwe Mgcina, secretário-geral provincial do Congresso dos Sindicatos Sul-africanos.
Durante o apartheid as cidades foram desenhadas partindo do princípio de que os bairros periféricos para os negros eram provisórios e foram construídos distantes do centro das cidades. Segundo Mgcina, nada foi feito para melhorar o transporte entre os bairros periféricos e os centros das cidades.
Yunus Mohamed, professor de recursos humanos e relações económicas da Universidade de Witwatersrand, critica o projecto de comboio de alta velocidade, afirmando que o governo não tem as prioridades correctas. “O projecto Gautrain está claramente dirigido à classe média-alta e aos mais ricos, melhorando a mobilidade da comunidades dos negócios. Não vai fazer nada pela maioria da comunidade, quem mais sofre com as dificuldades de deslocação. O próprio preço dos bilhetes, que se acredita seja uns 16 dólares por viagem, está fora do alcance do usuário normal”, frisou.
O ministro provincial dos transportes públicos, estradas e trabalhos, Ignatius Jacobs, desvalorizou as críticas dos sindicatos e disse que o projecto Gautrain faz parte de um plano para melhorar toda a rede de transporte da província, incluindo melhorar o Metrorail que actualmente existe.