as terceiras eleições locais (municipais), desde 1994, ocorreram numa atmosfera calma e pacífica. até alguns jornalistas lamentaram o facto de não haver movimento suficiente para noticiar.
as terceiras eleições locais (municipais), desde 1994, ocorreram numa atmosfera calma e pacífica. até alguns jornalistas lamentaram o facto de não haver movimento suficiente para noticiar. as terceiras eleições locais (municipais) desde 1994 ocorreram numa atmosfera calma e pacífica. De facto alguns jornalistas lamentavam o facto de não haver movimento suficiente para as notícias.
Em causa estava a eleição de cerca de 45 mil vereadores em 283 câmaras municipais, espalhados por 19 mil estações de voto. as urnas abriram na maior parte dos casos por volta das 7 da manhã e fecharam às 7 da noite. a decepção maior é o facto de só terem votado cerca de 42% dos eleitores.
O único incidente digno de menção é, porventura, a disputa dos habitantes de Khutsong, da área de Merafong, a norte de Pretoria, que o governo quer incorporar na província do North-West.
a violência e a destruição de propriedades já vinha acontecendo há alguns meses, mas agora os habitantes aproveitaram a deixa para fazerem ainda mais barulho e boicotarem as eleições. De facto dos 16 mil votantes potenciais apenas 233 exerceram o direito de escolher novos representantes. Há também outras regiões problemáticas por causa da demarcação dos limites das províncias, mas não há notícias de terem afectado as eleições.
Na província do Cabo Oriental a principal ameaça foi a possibilidade de corte da electricidade. De facto esta província já desde Dezembro de 2005 que se debate com falhas intermitentes de corrente, principalmente devido a avarias num gerador da estação nuclear de Koeberg, que abastece a província. Na véspera das eleições um alto funcionário do governo teve a ousadia de afirmar que as falhas eram o resultado de sabotagem na estação nuclear, mas esqueceu-se de apresentar provas. Recorde-se que esta é a única província onde a luta é renhida entre o aNC e a oposição, liderada pela D a – Democratic alliance.
Nalgumas regiões, com por exemplo no Free State, foram as chuvas a dificultar o acesso às estações de voto, mas tudo acabou por se resolver bem. Ultimamente as chuvas, que tardaram a vir em toda a África do Sul, têm provocado danos consideráveis nalguns locais. as barragens e represas estão quase todas cheias, mas as chuvas torrenciais, que habitualmente se abatem sobre certas áreas, não chegaram a penetrar no subsolo, escorrendo rapidamente para as barragens ou para os rios.
Estas eleições são importantes por diversos motivos. Em geral pode afirmar-se que o governo central, liderado pelo aNC, tem estado a fazer um bom trabalho. Tem gente competente e honesta e os resultados estão à vista: uma economia liberal em franco crescimento (4,5 por cento ao ano, com possibilidade de subir para os 6 por cento no próximo ano) e um orçamento de estado, apresentado há poucas semanas, de fazer inveja a muitos países europeus. O único senão é alta taxa de desemprego que aumenta a pobreza da população, especialmente negra.
No entanto o problema principal é a administração local. De facto mais de metade das câmaras municipais estão na banca rota. O descalabro é tão grande que o presidente Thabo Mbeki foi obrigado a admiti-lo antes das eleições. No entanto em vez de confessar que a raiz do problema é a ganância, a incompetência e a corrupção de muitos conselheiros municipais (na maioria aNC) afirmou que o que faltava era conhecimento e experiência (“skills” em inglês). Por essa razão ameaçou recorrer a pessoal estrangeiro especializado para ajudar na reestruturação das estruturas locais sul-africanas.
Muitos analistas duvidam que os profissionais estrangeiros possam mudar a mentalidade dos muitos elementos corruptos que acabarão por ser eleitos, entrando nas estruturas municipais. Este sufrágio será um teste ao próprio aNC como movimento, na medida em que a escolha dos presidentes de câmaras das cidades principais produzirá também alguma fricção. De facto o partido apresentou somente as listas de candidatos, mas não os nomes dos possí­veis presidentes. Isto significa que só depois do rescaldo das eleições serão feitas as nomeações. O presidente Thabo Mbeki pretende incrementar o número de senhoras em postos importantes, mas há quem diga que isto é apenas uma manobra para poder afastar alguns candidatos que não seguem a sua linha de conduta.
as próximas semanas vão ser cruciais e interessantes para o desenrolar dos acontecimentos e para a consolidação da democracia sul-africana.
Carlos Domingos, da África do Sul, 1 de Março de 2006