O Conselho Pontifício para os Migrantes publicou um documento sobre a pastoral para os ciganos, frisando que a população nómada é especialmente vulnerável ao apelo das seitas e marginalizada.
O Conselho Pontifício para os Migrantes publicou um documento sobre a pastoral para os ciganos, frisando que a população nómada é especialmente vulnerável ao apelo das seitas e marginalizada. “Directivas para a Pastoral dos Ciganos” faz um sumário da relação da Igreja com os povos nómadas, identifica os problemas que enfrentam e frisa o compromisso da Igreja com o bem-estar espiritual e económico destes. O documento é assinado pelo cardeal Stephen Fumio Hamao e pelo arcebispo agostino Marchetto, o presidente e o secretário do Conselho Pontifício para os Migrantes, respectivamente.
O cardeal Hamao observou que se calcula que uns 15 milhões de ciganos vivam hoje na Europa, porém as recomendações do documento podem ser aplicadas a “outros nómadas que partilham condições de vida semelhantes nos vários continentes”.
ao mesmo tempo, o cardeal japonês disse que a cultura cigana se caracteriza não só pela vida nómada, mas também por tradições ancestrais. Tradições formadas em parte pela hostilidade que sempre enfrentaram, que atingiu o seu auge nas frequentes perseguições do século XX.
O modo de vida cigano, disse o cardeal, “é essencialmente um testemunho vivo à liberdade interior face ao consumismo e à falsa segurança baseada na presumida auto-suficiência das pessoas”. Frisou que nos anos mais recentes houve sinais de mudança na cultura cigana, marcados pela educação, a inclusão das mulheres na vida social e a formação de organizações políticas e sociais. Também realçou a grande participação cigana quando o mártir espanhol Ceferino Jiminez Malla foi o primeiro cigano a ser beatificado.
O arcebispo Marchetto disse aos jornalistas que o carácter único da cultura cigana “torna a evangelização desde o exterior ineficiente”. O processo de evangelização torna-se ainda mais complicado, acrescentou, por a Igreja “não poder legitimar todos os aspectos desta cultura”.
Por não se identificarem com nenhum país especí­fico, os ciganos não têm protecção governamental e precisam da ajuda de organizações internacionais. O documento apela à ajuda da Igreja na protecção dos seus direitos assim como no cuidado pelas pessoas, na educação e na introdução do Evangelho.