Num documento de onze números, a Comissão Nacional Justiça e Paz desafia os cristãos neste tempo de Quaresma a olharem à volta e assumirem o seu compromisso com o mundo.
Num documento de onze números, a Comissão Nacional Justiça e Paz desafia os cristãos neste tempo de Quaresma a olharem à volta e assumirem o seu compromisso com o mundo. Em tempo de crise de valores e de turbulências sociais contra o pessimismo e o desânimo, a proposta da Comissão Nacional Justiça e Paz propõe, nesta Quaresma recuperar a alegria de viver.
É o primeiro documento emanado desta direcção que oferece aos fiéis uma reflexão sobre o compromisso dos leigos no mundo.
Esquece-se que as crises, desde que devidamente encaradas, podem constituir, também, oportunidades para corrigir o que está mal, para lançar as bases de soluções mais justas e para criar novos dinamismos sociais. Para tanto, necessário se torna fomentar uma atitude positiva de esperança face à vida.
Que existam pessoas – e estimam-se em cerca de dois milhões, no nosso País – com rendimentos insuficientes para garantir um padrão de vida decente é, certamente, uma situação que não podemos tolerar, salientam os responsáveis da CNPJ. Uma situação inaceitável já que ela é um factor de tensão e conflitualidade, com inevitáveis consequências para a coesão social e para um desenvolvimento humano e sustentável.
Contra a pobreza e escravidão os cristãos e suas comunidades não podem deixar de se comprometer activamente nesta luta e podem fazê-lo, antes de mais, em três frentes convergentes e complementares:
– acções que procurem levar socorro às vítimas;
– denúncia das causas estruturais geradoras da pobreza;
– apoio e viabilização de propostas que visem a erradicação da pobreza, no nosso País e no mundo.
a CNJP apela ainda à luta contra as desigualdades e as injustiças sociais bem como à solidariedade neste documento de 11 pontos para ajudar os cristãos a viverem uma melhor Quaresma.
Num olhar sobre a violência, os bairros degradados, a necessidade de inclusão social, e o dever de acolher o imigrante, a Comissão lembra os casos de Ceuta e Paris.
Oxalá aquilo que se passou em Paris e em outras cidades do centro europeu nunca venha a suceder entre nós. Mas, sejamos realistas, se verdadeiramente o quisermos evitar, deveremos empreender um redobrado esforço no sentido de uma integração melhor dos imigrantes que vivem entre nós.
as paróquias estão particularmente bem colocadas para uma ajuda de proximidade, a começar pelo apoio na obtenção de documentos de identidade e/ou autorização de permanência, e bem assim para fomentarem o incentivo à inserção social e à convivência cívica de todos. É uma acção que deve ser assumida por todos os membros da comunidade pois esta não pode ficar alheia ao acolhimento devido ao imigrante.
Neste tempo de reflexão e conversão quaresmal é tempo oportuno para olharmos para as mudanças em curso e para o modo como elas nos atingem e nos desafiam.
assim, devemos fazê-lo, não a partir das nossas visões preconceituadas e dos nossos interesses individualistas e egoístas, mas deixando-nos guiar pela luz do Evangelho e situando-nos sempre num horizonte de esperança.
Neste esforço de humanização, os discípulos e discípulas de Cristo, suas comunidades e movimentos não estão isolados.
Mais do que nunca, importa reconhecê-lo e, através do diálogo e da concertação, encontrar plataformas de cooperação que libertem as sinergias de que o nosso mundo globalizado carece para não cair em novas barbáries, conclui a Comissão Nacional Justiça e Paz.
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