Desde que se iniciou o conflito, as taxas de casamento infantil aumentaram mais de 50 por cento. Uma das causas apontadas é as famílias aproveitarem os dotes para fazerem frente às dificuldades económicas
Desde que se iniciou o conflito, as taxas de casamento infantil aumentaram mais de 50 por cento. Uma das causas apontadas é as famílias aproveitarem os dotes para fazerem frente às dificuldades económicas Os quatro anos de conflito no Iémen não criaram apenas a pior crise humanitária da nossa era, como também estão a contribuir para o aumento significativo do número de casamentos infantis no país, um crescimento atribuído ao facto das famílias se valerem dos dotes para ultrapassarem as dificuldades económicos em que estão mergulhadas. a prática já estava generalizada antes do início da guerra, mas segundo o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPa, na sigla em inglês), tem vindo a aumentar desde 2015. Dois anos antes, a taxa de adolescentes casadas, com idades entre os 15 e os 19 anos, era de 17,1 por cento. Mas em 2016, este número aumentou 52 por cento e, no ano seguinte, voltou a subir 66 por cento. Em situações de conflito e deslocamento, crê-se que os pais utilizam cada vez mais o matrimónio infantil como mecanismo de confronto negativo, face à sua luta para satisfazer as suas próprias necessidades básicas de sobrevivência, ou devido a mudanças nas relações familiares, insegurança, dificuldades sociais, perda de educação e dificuldades económicas, explica a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Iémen, Sara Nyanti. Isso mesmo explicou Sabrin abdulwahed, de 15 anos, em declarações aos técnicos do UNICEF. Por causa da guerra, o meu pai aceitou a proposta de matrimónio para melhorar as condições de vida da família, testemunhou a jovem, revelando que o seu progenitor aceitou cerca de 800 euros como dote, dinheiro que gastou em alimentos e outros bens de necessidade. Segundo Nyanti, esta prática conduz a uma privação para as meninas, pois provoca uma separação da família e dos amigos, assim como à falta de liberdade para participarem em atividades comunitárias, o que pode ter graves consequências para o bem estar físico e mental das jovens. além disso, a maioria das meninas casadas abandona a escola depois de contrair matrimónio, por pressão da família.