Mesmo quando são atribuí­das compensações pela justiça, dificilmente as vítimas de tráfico humano conseguem receber, por as autoridades não conseguirem localizar os traficantes ou por estes transferirem os seus bens para o estrangeiro
Mesmo quando são atribuí­das compensações pela justiça, dificilmente as vítimas de tráfico humano conseguem receber, por as autoridades não conseguirem localizar os traficantes ou por estes transferirem os seus bens para o estrangeiroUm estudo desenvolvido pelo projeto europeu Justice at Last revela que 82 por cento das vítimas de tráfico humano na Europa não conseguem obter uma compensação económica e recomenda a criação de um fundo estatal, alimentado pela apreensão de bens aos traficantes. Mesmo quando é concedida a indemnização às vítimas, é rara a vez que conseguem cobrar as indemnizações de forma efetiva, ou porque não se localizam os traficantes, ou porque estes não são processados, ou porque transferem os seus bens para o estrangeiro e declaram insolvência para evitar pagar a indemnização, explica uma das autoras da investigação. O estudo analisou 60 casos a nível europeu e mostra uma grande disparidade na valoração do dano e no cálculo da indemnização, já que houve um caso na Roménia em que o tribunal reconheceu 190 mil euros em danos morais e materiais à vítima, enquanto na Áustria esse valor se ficou pelos 800 euros. além destas diferenças e entraves, os especialistas apontam ainda como barreiras que impedem o gozo do direito à compensação a falta de sensibilização entre os profissionais que têm que intervir no processo penal; falta de acesso das vítimas a assessoramento legal e a informação adequada; longa duração dos processos penais e civis ou a deportação da vítima antes da sentença judicial.