Bispo de Bangassou alerta para a necessidade de se aprofundar o que está a acontecer no país, sobretudo a interferência de países estrangeiros e o interesse externo nos recursos naturais
Bispo de Bangassou alerta para a necessidade de se aprofundar o que está a acontecer no país, sobretudo a interferência de países estrangeiros e o interesse externo nos recursos naturais Na sequência do ataque à Catedral de alindao, na República Centro-africana (RCa), que provocou a morte a 42 pessoas, entre elas dois sacerdotes, o bispo de Bangassou, Juan José aguirre, pede uma análise mais profunda ao que se está a passar no país, em particular aos movimentos externos, mais interessados nos recursos naturais e em dividir a opinião pública. Pelos dados recolhidos até agora, este ataque contra cristãos foi da responsabilidade de ex-rebeldes Seleka das UPC, sigla correspondente a Unidade pela paz no centro de África, que são predominantemente muçulmanos em confronto com os rebeldes anti-Balaka (cristãos). Os rebeldes da UPC estão instalados na região ocidental da cidade de alindao e a missão católica está no leste, onde, segundo explicou Juan aguirre, há um campo de deslocados para não muçulmanos, que acolhe aproximadamente 26 mil pessoas, que também foi atacado, na ofensiva de 15 de novembro. após o ataque, os mercenários da UPC deixaram entrar na região oriental de alindao os grupos de jovens muçulmanos da região ocidental que saquearam a casa episcopal e incendiaram o presbitério e o centro da Caritas. Vi algumas fotos. Restaram somente as paredes queimadas deste local, testemunhou prelado. Os funcionários das organizações não governamentais e os voluntários que trabalhavam em alindao foram imediatamente evacuados, mas o bispo diocesano, Cyr-Nestor Yapaupa, e três sacerdotes decidiram permanecer junto da população. Para Juan aguirre, grupos como a UPC são formados por mercenários estrangeiros que ocuparam a RC a há cinco anos. São pagos por alguns países do Golfo e dirigidos por alguns países africanos vizinhos. Entram no Chade através de Birao, com armas vendidas à arábia Saudita pelos Estados Unidos da américa. Querem dividir a República Centro-africana alimentando o ódio entre muçulmanos e não muçulmanos. Desta forma, prossegue o bispo, podem aproveitar e saquear as riquezas do país, como o ouro, os diamantes e o gado. Mas, sobretudo, alguns países estrangeiros e não africanos querem usar a República Centro-africana como porta de entrada para a República Democrática do Congo e o resto do continente, manipulando o Islão radical. Este é o jogo por trás do massacre de alindao, conclui aguirre.