Tomadas de posição de Jair Bolsonaro, antes das eleições, levam os povos indígenas a temer que os direitos conquistados durante décadas possam ser postos em causa 
Tomadas de posição de Jair Bolsonaro, antes das eleições, levam os povos indígenas a temer que os direitos conquistados durante décadas possam ser postos em causa Os povos indígenas brasileiros lutaram durante décadas para defender as suas culturas e terras ancestrais, mas agora temem que a chegada do ultra-direitista Jair Bolsonaro ao poder ameace estes direitos tão arduamente conquistados. Estamos preocupados porque ele decladaramente já afirmou que vai diminuir as terras indígenas, admitiu às agências internacionais Luiz Eloy Terena, conselheiro da articulação dos Povos Indígenas do Brasil (aPIB). atualmente, vivem no Brasil mais de 800 mil indígenas de 305 etnias, que falam 274 línguas. a Constituição brasileira protege os direitos dos povos originários sobre as suas terras, mas Bolsonaro já insinuou que não tem a intenção de ser fiel ao texto. Numa entrevista recente a uma estação televisiva, assegurou mesmo, que se depender dele, não haverá mais demarcação de terras indígenas em território brasileiro. O novo Presidente, de resto, poucos dias depois de ter sido eleito, já afirmava na televisão que as reservas indígenas estavam superdimensionadas e que defendia a política de integração. O índio não pode continuar sendo preso dentro de um área demarcada como se fosse um animal dentro de um zoológico. O índio é um ser humano igual a nós: ele quer evoluir, ter energia elétrica, médico, dentista, internet, jogar um futebol, ter um carro, quer viajar de avião, porque – quando tem contato com a civilização – rapidamente vai se moldando à nova maneira de viver que é bem diferente e melhor do que a dele, declarou Bolsonaro. São razões mais do que suficientes para justificar os temores destas comunidades. acho que têm muitos motivos para estar preocupados. a julgar pelo seu passado, Bolsonaro sempre se opôs à demarcação e ao reconhecimento de territórios indígenas, alertou Fiona Watson, diretora da Survival International, uma plataforma de defesa dos direitos dos povos indígenas. Recentemente, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) também criticou o Brasil por não ter financiado adequadamente a Fundação Nacional do Índio (FUNaI), deixando-a indefesa perante os poderosos grupos do agronegócio, cujos interesses passam pelos territórios indígenas. Tendo uma FUNaI fraca, você tem uma comunidade indígena exposta, ressalvou Luiz Terena.