Cristã paquistanesa havia sido condenada à morte por ter bebido água de um poço, o que foi considerado uma ofensa a Maomé. Tribunal ordenou a sua libertação imediata
Cristã paquistanesa havia sido condenada à morte por ter bebido água de um poço, o que foi considerado uma ofensa a Maomé. Tribunal ordenou a sua libertação imediata Era a última possibilidade de recurso de uma batalha jurídica que se arrastava desde 2010. asia Bibi, a cristã paquistanesa condenada à morte por blasfémia contra o Islão, foi absolvida pelo Supremo Tribunal do Paquistão, esta quarta-feira, 31 de outubro, e vai ser libertada. Teme-se agora que a decisão provoque reações dos fundamentalistas islâmicos. É absolvida de todas as acusações e, se não houver outras acusações, será imediatamente libertada, sentenciou o juiz Saqib Nasir. Numa primeira reação ao veredito, o advogado de asia Bibi, Saif-ul-Mulook, disse que a decisão mostra que os pobres, as minorias e os segmentos mais baixos da sociedade podem obter justiça no Paquistão, apesar dos seus defeitos. Mãe de cinco filhos, em 2009, Bibi bebeu água de um poço e, sendo a única cristã do grupo de mulheres que trabalhavam no campo, foi acusada por algumas das muçulmanas de ter contaminado o poço. acabou por ser presa e condenada à morte por, alegadamente, ter insultado Maomé. O seu caso atingiu dimensão internacional, mereceu a atenção de políticos e ativistas e foi seguido de perto pelos papas Bento XVI e Francisco. Em 2015, uma das filhas da paquistanesa reuniu-se mesmo com o Papa latinoamericano. a nível interno, dois dos políticos que a tentaram ajudar foram assassinados. a absolvição, de resto, poderá motivar a fúria dos religiosos fundamentalistas, que pediam há muito a execução de asia Bibi. Depois de ser conhecida a decisão, o líder do partido ultra-conservador Tehreek-e-Labaik (TLP) pediu mesmo a morte dos juízes do Supremo Tribunal que decretaram a libertação. Por prevenção, as autoridades paquistanesas estabeleceram fortes medidas de segurança em Islamabad, colocando barreiras nas vias de acesso aos bairros onde vivem os magistrados e a comunidade diplomática.