Irmão do arcebispo salvadorenho que vai ser canonizado pelo Papa Francisco recorda as explosões e disparos que sabotaram as celebrações fúnebres e lamenta que, durante anos, ninguém se lembrasse de Romero
Irmão do arcebispo salvadorenho que vai ser canonizado pelo Papa Francisco recorda as explosões e disparos que sabotaram as celebrações fúnebres e lamenta que, durante anos, ninguém se lembrasse de Romero O arcebispo Óscar arnulfo Romero nem um funeral em paz pode ter porque a cerimónia foi sabotada com explosões e disparos, uma recordação dolorosa que revela o seu irmão, Gaspar Romero, a poucos dias do venerado pastor salvadorenho ser canonizado em Roma (Itália) pelo Papa Francisco. Em declarações à agência France Press, Gaspar, de 88 anos, lembra os momentos dramáticos que viveu após o dia 24 de março de 1980, quando, ao anoitecer, o seu irmão foi morto com um tiro, enquanto celebrava a Missa numa capela do hospital oncológico Divina Providência. Para estar presente na cerimónia de canonização, no próximo dia 14 de outubro, teve que pedir um empréstimo para viajar até Roma, acompanhado de sete familiares. a família está muito orgulhosa, muito honrada, até estupefacta pelo incrível acontecimento que se avizinha, confessou Gaspar, considerando esta subida de Romero aos altares como um presente de Deus para o povo salvadorenho. Poucos dias depois do insólito assassinato, falar de Óscar Romero era um tema praticamente proibido e andar com os seus escritos era uma possível sentença de morte, caso fossem descobertos pelas autoridades. antes e após o homicídio, religiosas, catequistas e duas dezenas de sacerdotes tiveram o mesmo destino às mãos dos esquadrões de morte e corpos de segurança. Sentimo-nos sós, porque houve um tempo em que ninguém se recordava de ele, começando pela hierarquia [da Igreja], recorda Gaspar, sublinhado que durante anos, no dia 17 de agosto, data do aniversário de Romero, apenas a família se encarregava de celebrar a data de forma modesta. agora, será o primeiro santo salvadorenho.