Organização Mundial de Saúde encontrou dados surpreendentes sobre os efeitos nefastos nos ecossistemas provocados pelo consumo de tabaco. Num ano, um fumador contribui quase cinco vezes mais para o consumo de água
Organização Mundial de Saúde encontrou dados surpreendentes sobre os efeitos nefastos nos ecossistemas provocados pelo consumo de tabaco. Num ano, um fumador contribui quase cinco vezes mais para o consumo de águaO consumo de tabaco é frequentemente relacionado com o perigo para a saúde pública, mas raramente se pensa nas ameaças que representa para o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Para preencher este vazio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou um estudo sobre os efeitos do tabagismo nos ecossistemas e chegou a dados surpreendentes. Num ano, um fumador contribui quase cinco vezes mais para o consumo de água, quase duas e 10 vezes mais para o consumo de combustíveis fósseis que um consumidor médio de carne vermelha e um de açucar, respectivamente; e quatro vezes mais para as alterações climáticas que um consumidor de açucar, explica Rodrigo Feijo, da OMS. De acordo com os dados recolhidos, a produção de tabaco está directamente relacionada com a desflorestação, a contaminação de água por uso de pesticidas e a acidificação dos solos, entre outras causas. Para ter espaço suficiente para cultivar tabaco é necessário “limpar”o terreno e têm que arrancar-se árvores para concretizar esta tarefa. Por outro lado, o processo de secagem da folha é feito normalmente através da queima de madeira ou carvão, o que contribui para a emissão de gases de efeito estufa, realça Feijo. O relatório da OMS aborda ainda a questão do desiquilíbrio entre países produtores de tabaco. Dos 10 principais fabricantes, que concentram 90 por cento do cultivo, nove estão em desenvolvimento e, entre estes, quatro são nações de baixos rendimentos com défices alimentares, como é o caso da Índia, Zimbabwe, Paquistão e MalawiMas na realidade, as tabaqueiras são transnacionais e têm as suas sedes em países desenvolvidos, que é onde vão parar os beneficios. O que leva Nicholas Hopkinson, um dos autores do estudo, a acusar estas empresas de estarem literalmente e metaforicamente a queimar os recursos e o futuro das pessoas mais vulneráveis do planeta.