a Peregrinação do Migrante em Fátima é uma ocasião para vários alertas: olhar para quem «governa países que produzem migrantes forçados», e tecer uma reflexão crí­tica sobre a colonização e exploração de África pelo Ocidente
a Peregrinação do Migrante em Fátima é uma ocasião para vários alertas: olhar para quem «governa países que produzem migrantes forçados», e tecer uma reflexão crí­tica sobre a colonização e exploração de África pelo OcidenteO drama humanitário da transmigração epocal de povos que se dirigem à Europa, vindos do Médio-Oriente e de África é um problema sobre o qual se debruçou antónio Marto, bispo na diocese de bispo de Leiria-Fátima, na conferência de imprensa que antecedeu a abertura da Peregrinação do Migrante e do Refugiado, que teve lugar este domingo, 12 de agosto, no Santuário de Fátima.
É um exército de pobres que aqui chega, após dois anos de viagem pelo norte de África. Não estão em causa os números, mas pessoas concretas, com uma história, uma cultura, uma família, sentimentos, dramas e aspirações, demonstrou o prelado, lançando uma perspetiva crítica sobre o passado colonial das potências ocidentais europeias, que explorou e roubou África, e que manteve aquele continente numa condição de guerra permanente.
assim se destrói a vida de milhões de pobres, obrigados a partir para não morrerem vítimas da miséria, da fome e da guerra. Crianças sem país, e pais e mães sem filhos. Sabemos tudo isto e não nos podemos calar, apelou antónio Marto. Lembrando estas vítimas, antónio Marto persistiu na opinião, já lançada pelo Papa Francisco, da implementação de pactos globais sobre os refugiados e sobre uma migração segura, ordenada e regular, com a cooperação de toda a comunidade internacional, sob a égide das Nações Unidas.
a presidir à Peregrinação do Migrante e do Refugiado está arlindo Gomes Furtado, bispo de Santiago de Cabo Verde, que perante o drama da migração pede uma solução que olhe não só para os que governam países que acolhem, mas também para os que governam países que geram migrantes forçados, e uma solução que passe por uma reflexão crítica sobre o passado com vista a um futuro mais sólido. Toda a história colonial deve ser refletida para perceber o que houve de errado e que não deve continuar a repetir-se no futuro, para que o mundo seja mais equilibrado, incidiu o prelado.
Também EugéniaQuaresma, diretora do Secretariado Nacional da Mobilidade Humana e da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), apontou para a necessidade de uma abordagem global ao drama migratório, que reforce o trabalho em rede, na origem, nos países de trânsito e de destino.
É preciso ousar políticas arrojadas, erradicar a guerra, a pobreza, combater a corrupção e a ganância, promover a paz e a justiça, para que todos os povos tenham oportunidades de desenvolvimento. Recentrar a economia na dignidade humana, promover o direito a imigrar e a não imigrar. Há ainda muito a fazer ao nível da integração, da proteção de crianças, da proteção das vítimas de exploração laboral, recordou a responsável, citada pelos serviços de comunicação do Santuário de Fátima.
Carlos Cabecinhas, reitor do templo mariano, aproveitou a ocasião para dar a conhecer dados estatísticos parciais de afluência de fiéis no Santuário de Fátima, na primeira metade deste ano. Reconhecendo os anos de 2016 e 2017 como excecionais devido ao Centenário das aparições, o sacerdote revelou que os dados agora lançados mostram uma estabilização do número de fiéis participantes nas celebrações, cifrando-se essa média nos 5,5 a 6 milhões de peregrinos por ano.