Cada euro investido no Quénia, Somália e Etiópia no início da seca permitiu benefí­cios nove vezes maiores para as famílias abrangidas. Morreram menos animais e evitou-se uma espiral de pobreza mais grave
Cada euro investido no Quénia, Somália e Etiópia no início da seca permitiu benefí­cios nove vezes maiores para as famílias abrangidas. Morreram menos animais e evitou-se uma espiral de pobreza mais graveIntervir de imediato nos países onde se prevê um desastre natural pode impedir que as crises se transformem em emergências humanitárias, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação (FaO), que dá o exemplo do Quénia, Somália e Etiópia. O ano passado, quando estes países se preparavam para enfrentar uma seca severa, cada euro gasto pela agência da ONU em ajuda às populações acabou por render benefícios de nove euros. De acordo com o documento, o investimento inicial da FaO permitiu que menos animais morressem de fome e de doenças e, em alguns casos, as vacas produziram três vezes mais leite. Isso permitiu evitar uma perigosa espiral de pobreza e uma dependência de ajuda de emergência que seria muito mais cara, refere o diretor da divisão de Emergência e Reabilitação da FaO, Dominique Burgeon, sublinhando que investir em intervenções precoces não é apenas humano e inteligente, mas também rentável. No início de 2017, a FaO mobilizou-se rapidamente para ajudar milhares de pastores em risco no Quénia, Somália e Etiópia quando a chuva começou a faltar. Foram distribuídas rações de emergência para animais, disponibilizados serviços veterinários, reabilitados centros de abastecimento de água e promovidas ações de formação a funcionários do governo sobre gestão de mercados de gado. Fruto desta intervenção, no Quénia, por exemplo, as famílias que receberam assistência conseguiram salvar mais dois animais do que as famílias que não tiveram ajuda. as crianças com menos de cinco anos beberam cerca de meio litro de leite a mais por dia, o que representa um quarto das suas calorias diárias. E no auge da seca, os rebanhos abrangidos pelo programa não só sobreviverem em maior número, como produziram três vezes a quantidade usual de leite.como o clima está cada vez mais imprevisível no extremo leste de África, e globalmente existem cinco vezes mais desastres naturais do que há 40 anos, Dominique Burgeon acredita que existem cada vez mais evidências de que, quanto mais cedo for a resposta, maior será a capacidade das comunidades para lidar com a crise.