Estudo da Cáritas dedicado à população juvenil mostra que «as políticas adotadas nos últimos dez anos» não contribuí­ram para a «quebra de ciclos de pobreza geracional»
Estudo da Cáritas dedicado à população juvenil mostra que «as políticas adotadas nos últimos dez anos» não contribuí­ram para a «quebra de ciclos de pobreza geracional»Promover níveis salariais dignos, prevenir a precariedade laboral, as irregularidades e a evasão fiscal nos contratos laborais são medidas que fazem parte de um conjunto de cinco recomendações, indicadas num estudo europeu sobre jovens, intitulado Os jovens na Europa precisam de um futuro!, que a Cáritas Portuguesa e Cáritas Europa apresentam terça-feira, 27 de fevereiro.

O encontro terá lugar no auditório Mário Murteira, no ISCTE-IUL, em Lisboa, a partir das 10h30. Entre os conferencistas estão Jorge Nuno Mayer, secretário-geral da Cáritas Europa, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, e Sofia Alves, chefe de representação da Comissão Europeia em Portugal.

Uma das principais conclusões do relatório aponta para o facto de as políticas adotadas nos últimos dez anos não terem conseguido a quebra de ciclos de pobreza geracional.com um desemprego juvenil de 20,8 por cento (6,1 por cento superior à média da UE) e 14 por cento dos jovens que abandonaram a escola (quatro por cento acima da média da UE), um número significativo e de jovens portugueses sente que não tem futuro, lê-se num comunicado da organização.

Perante os resultados do estudo, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, demonstra a disponibilidade da organização que dirige para ajudar a combater o problema. Quebrar ciclos de pobreza é uma responsabilidade de todos, com particular incidência nos que pensam as medidas políticas e naqueles que as devem executar com eficácia. a Cáritas permanece atenta à realidade social dos mais jovens, sem esquecer os demais. Este estudo é apenas um contributo para evidenciar a realidade que enfrentamos, mas também a nossa disponibilidade em colaborar para a estabilidade da vida dos jovens portugueses possa ser melhor, refere o responsável, em comunicado.

a nível europeu, o relatório demonstra que esta é a primeira geração de jovens a enfrentar o risco de empobrecimento em relação à geração dos seus pais. Nesse sentido, a Cáritas Europa prevê um novo tipo de pobreza entre esta camada da população: jovens casais trabalhadores que dificilmente conseguem suportar as suas despesas e que não podem construir uma família. Às pessoas nestas circunstâncias, a Cáritas atribuiu o nome de Sinkies.

Jorge Nuno Mayer alerta para as consequências da não adoção de medidas para combater esta situação. Os Sinkies são um sinal extremamente grave que os decisores políticos devem levar muito a sério. Se a tendência se tornar normal, isso provocará sérias consequências para a coesão social da Europa, modelos sociais e sistemas de proteção social. Corremos o risco de ser uma sociedade que se afunda se nenhuma medida for tomada agora, indica o responsável.

a apresentação do relatório Os jovens na Europa precisam de um futuro! é um dos vários momentos inseridos no programa da Semana Nacional da Cáritas. De 26 de fevereiro a dia 4 de março, os responsáveis pelo organismo católico vão procurar dar destaque ao trabalho da organização na luta contra a pobreza e exclusão social.

além disso, será realizado o peditório nacional da organização, com o objetivo de reunir verbas que permitam dar continuidade ao trabalho de apoio às muitas famílias e pessoas em situação de fragilidade. a angariação de fundos será possível graças à boa vontade de milhares de voluntários. Este ano, a Semana Nacional da Cáritas decorre sob o lema Cuidar da casa comum.