Jornalistas debateram o perigo das notícias falsas e os seus possíveis efeitos na sociedade, a partir da mensagem do Papa Francisco para o Dia das Comunicações Sociais
Jornalistas debateram o perigo das notícias falsas e os seus possíveis efeitos na sociedade, a partir da mensagem do Papa Francisco para o Dia das Comunicações Sociais a mensagem do Papa para o Dia das Comunicações Sociais, centrada nas fake news foi o mote para um debate que teve lugar esta quinta-feira, 25 de janeiro, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa. O painel de intervenientes, composto por vários profissionais dos media, refletiu e debateu a forma como o jornalismo e os jornalistas se devem posicionar diante da realidade das fake news (notícias falsas). a mensagem do Papa recebeu elogios pela coragem demonstrada na forma como abordado o problema e, sobretudo, como põe do dedo na ferida. O padre américo aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, a quem coube a iniciativa do encontro, abriu a sessão dizendo que o jornalista é o guardião da notícia. João Labrador, bispo de angra e atual presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, fez uma breve reflexão a partir da mensagem do Papa, que é uma denúncia das falsas notícias, visando enganar, desinformar o destinatário. Teresa Canto Noronha, jornalista da SIC, começou por dizer que sempre houve fake news, desde que a humanidade é humanidade, só que, agora, a velocidade com que se propagam é demasiado veloz. a profissional defendeu que os jornalistas têm sido vítimas deste fenómeno e não se deve matar o mensageiro. Para ela, uma forma de combater as falsas notícias é as pessoas não perderem o sentido crítico. Olivier Bonamici, comentador da Eurosport, lamentou que tenha chegado ao ponto de, em casa, ter que passar mais tempo a desmentir notícias com o seu filho, do que a debater as que de facto interessam. E defendeu que as crianças deviam ser educadas na escola a saber o que é uma notícia e o que é uma fonte. Sustentou, ainda, que é preciso dar credibilidade à informação. O futuro é ajudar o jornalismo a descodificar a informação. Vítor Bandarra, jornalista da TVI, defendeu que mais do que falar em notícias falsas cabe falar em notícias falsificadas que, afirmou, são ainda mais perigosas que as outras. Bandarra elogiou o Papa Francisco pela valorização que ele faz do papel do jornalista e pelo desafio que ele deixa a que os jornalistas se redescubram como tal. Para ele, o Papa põe o dedo na ferida, quando diz que há que redescobrir o jornalismo e o valor da profissão, na sua dimensão ética e de responsabilidade. Begona Iniguez, correspondente da Cadena COPE (rádio espanhola de inspiração cristã) e do jornal Voz de Galicia, disse que a profissão de jornalista é hoje mais importante que nunca e manifestou preocupação pela índole de determinadas empresas, pessoas e poderes que estão a comprar alguns meios de comunicação social. Defendeu que os objetivos destas aquisições nem sempre são claros e podem condicionar a informação que passa a ser veiculada por esses meios. Um jornalista deve ser incómodo se tem que o ser, sublinhou. Recordando que com a crise do jornalismo o que está em causa é a própria democracia, os participantes neste debate manifestaram, ainda assim, algum otimismo e já veem sinais de que o verdadeiro jornalismo, aquele que procura ser garante da verdade, está a recuperar credibilidade. E nesse aspeto consideraram que o Papa, na sua mensagem, vem ajudar e reforçar essa ideia. a mensagem do Papa para o 52. º Dia Mundial das Comunicações Sociais (13 de maio de 2018) foi divulgada na quarta-feira, 24 de janeiro.