após três anos de presença em angola, os missionários da Consolata juntaram-se aos profissionais de saúde que trabalham na Pastoral da Criança para desenvolver uma campanha de angariação de fundos que permita ajudar as crianças desnutridas
após três anos de presença em angola, os missionários da Consolata juntaram-se aos profissionais de saúde que trabalham na Pastoral da Criança para desenvolver uma campanha de angariação de fundos que permita ajudar as crianças desnutridas O pequeno Rodrigues tinha apenas cinco meses quando perdeu a mãe. Foi acolhido pela avó paterna, mas a falta do leite materno e as dificuldades económicas, fizeram com que fosse definhando em vez de crescer. Quando chegou ao centro de saúde da Pastoral da Criança, um mês depois de ter ficado órfão, pesava apenas seis quilos. Estava desnutrido, sofria de paludismo, febre tifoide e gripe. Passou a ser acompanhado pelas técnicas de saúde, quase todas religiosas, e hoje, com quase dois anos, pesa mais de 10 quilos e já sorri. Inspirados na história de Rodrigues, que é apenas uma num universo de milhares de outras semelhantes em angola, os missionários da Consolata que trabalham nas paróquias da periferia urbana de Luanda – Santo agostinho, em Kapalanga (diocese de Viana) e Nossa Senhora da Consolata, em Funda (diocese de Caxito) – decidiram lançar uma campanha de angariação de fundos, para ajudar as famílias desfavorecidas, com problemas de desnutrição. E pediram auxílio aos missionários da Consolata em Portugal, para, através do seu projeto anual de solidariedade, contribuírem para devolver o sorriso a muitas outras crianças angolanas. É assim que nasce a campanha Crianças Saudáveis, que será inteiramente dedicada a reforçar o atendimento e acompanhamento de mães com filhos desnutridos, em quatro aldeias das duas paróquias. O objetivo é assegurar visitas mensais às famílias carenciadas, proporcionar assistência médica para os casos mais graves e garantir complementos alimentares alternativos para minimizar os casos de desnutrição. aos agregados familiares em situação crítica, a intervenção passa também pela entrega de uma cesta básica de alimentos, com arroz, feijão, óleo, açúcar, fuba de milho, farinha de soja, massa alimentar, leite, e um complemento alimentar, composto por uma mistura de ingredientes naturais ricos em vitaminas e proteínas. Devastada pela guerra durante décadas, a economia angolana viveu um período de prosperidade até há pouco tempo, fruto da exploração petrolífera, fonte principal dos recursos económicos do país.com a queda do preço do crude e o alegado aumento da corrupção nas esferas do poder administrativo, o país entrou em crise, com consequências devastadoras para os mais vulneráveis: as crianças e os idosos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2016, angola registou a mais alta taxa de mortalidade infantil: 156,9 crianças, por cada mil nascimentos. No caso das comunidades de Funda e Kapalanga, duas periferias urbanas que vivem imensas dificuldades, a população é um mosaico de diferentes etnias, e a maioria da população juvenil desempregada entrega-se à prática de meios ilícitos, para conseguir o essencial para o dia a dia. as condições sanitárias são muito precárias, o que gera muitas doenças, especialmente nas crianças. Lamentavelmente, muitas destas enfermidades, como a febre tifoide, anemia e malária, são tratáveis, mas continuam a ceifar vidas, devido à alimentação insuficiente e à falta de recursos financeiros das famílias.