No seguimento dos incêndios e da seca que fustigaram e fustigam o país, os bispos portugueses apelam a uma revisão profunda da relação da humanidade com a natureza, com a vida e com os pobres
No seguimento dos incêndios e da seca que fustigaram e fustigam o país, os bispos portugueses apelam a uma revisão profunda da relação da humanidade com a natureza, com a vida e com os pobres É tempo de nos sentirmos parte consciente e responsável duma criação que há de ser tomada como um todo e assim mesmo respeitada nos seus ritmos e sinais, afirmou o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, na sessão de abertura da assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), esta segunda-feira, 13 de novembro, em Fátima. Recordando as graves e gravosas que afetaram e afetam o nosso país, entre incêndios e a seca, com tantas perdas de vidas e danos materiais, o purpurado apelou a um revisão profunda da nossa relação com o meio ambiente, no sentido daquela ecologia integral a que o Papa Francisco tanto se tem referido, depois da publicação da encíclica Ladauto si. Para Manuel Clemente, respeitar a natureza, proteger a vida e atender aos pobres são atitudes conexas “duma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais” e que permita tomar o mundo como um todo, em que humanidade e natureza se entendam globalmente, de modo muito mais integrado. Em relação aos trágicos incêndios que atingiram o país este ano, o presidente da CEP lembrou um excerto da Nota Pastoral de 27 de abril último, para sublinhar a urgência do que já era pedido nessa ocasião: É fundamental que todos olhemos a natureza não como uma simples fonte de utilidade e rendimento económico e por isso facilmente sujeita a explorações de tal modo desordenadas que a destroem totalmente. até mesmo por não nos ser possível viver sem ela, há que respeitá-la e valorizá-la, na sua bondade, harmonia e equilíbrio, como um dom que recebemos e um legado que devemos esforçar-nos por transmitir às gerações futuras Manuel Clemente agradeceu ainda a todos os que acompanharam os acontecimentos com solidariedade e oração, apelando à continuidade do esforço que está a ser feito para a reconstrução de vidas e de habitações, e a uma maior atenção no futuro às indicações ecológicas da encíclica papal, quer na catequese interna, quer na cultura envolvente. Quanto à atenção aos mais desfavorecidos, o cardeal patriarca remete para a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Pobres, que se assinala pela primeira vez a 19 de novembro: Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, triando o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão. Uma mensagem que pede aos crentes que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro.